Adusb lança cartilha contra os assédios moral e sexual

O Grupo de Trabalho de Política de Classe para questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual da Adusb (GTPCEGDS) publica, nesta quinta-feira (17), a cartilha “A culpa não é sua: Adusb em combate aos assédios moral e sexual”. O lançamento do material marca o Dia Nacional de Luta contra o Assédio.

Conheça a cartilha.

A cartilha sistematiza as principais dúvidas sobre os assédios moral e sexual, desde a concepção até os procedimentos necessários para combate. O material trata de especificidades do assédio dentro da universidade, inclusive como fazer denúncias. As cartilhas podem ser acessadas no site da Adusb e a versão impressa nas sedes do sindicato, a partir da segunda-feira (21).

De acordo com Sandra Ramos, membro do GTPCEGDS, o grupo de trabalho “vem sempre implementando ações e atividades para combater os vários tipos de assédio, principalmente no ambiente acadêmico. A gente sabe que fazendo isso, também estamos lutando contra as opressões de gênero, contra o machismo, o patriarcado, que colocam essa exploração do corpo da mulher como algo naturalizado”.

Sandra acredita que é de suma importância promover ações sobre essas questões, pois “ainda que a gente saiba que o assédio sexual é considerado crime, porque está previsto no código penal, a gente precisa ainda esclarecer a população, a comunidade acadêmica sobre isso”.

Movimento docente em luta

Desde 2017, o GTPCEGDS faz atividades em combate ao assédio na Uesb. Rodas de conversa foram realizadas nos campi de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista, o que possibilitou observar a inexistência de uma política institucional de combate ao assédio. O corpo de servidores e os setores não estão preparados para acolher as denúncias. Não há procedimentos estabelecidos para garantir a integridade física e psicológica de quem ousa romper com o silêncio. A pessoa quase sempre é exposta ao constrangimento público, como se ao denunciar estivesse perturbando o ambiente. Também não há preocupação com o necessário sigilo. É criada uma rede de boatos, que desqualifica a luta contra o assédio. Os procedimentos de apuração da denúncia, quando começam, passam por apuração morosa, criando um sentimento de impunidade e de desestímulo às denúncias.

Diante da realidade apresentada na Uesb, a Adusb incorporou à sua pauta de reinvindicações interna a luta pelo estabelecimento de “políticas institucionais efetivas de combate a todos os tipos de assédio, que incluam ações pedagógicas e formativas, de amparo e proteção às vítimas e que garanta apuração célere e rigorosa das denúncias, sem admitir qualquer tipo de impunidade”, além da criação de um programa que “atenda ao público vítima de violência dentro da Universidade (racismo, machismo, lgbtfobia, capacitismo, assédio moral e sexual), incluindo a contratação de profissionais qualificados para esses atendimentos, garantia de estrutura física adequada, proteção às vítimas e celeridade no processo de apuração”.

Além do lançamento da cartilha, o GTPCEGDS prepara outras ações ainda no mês de outubro de combate aos diversos tipos de assédio. O objetivo é municiar professores, estudantes e técnicos com as informações necessárias para fazer e apurar as denúncias, em busca do rompimento do processo de naturalização da violência na universidade.