Bolsonaro aprofunda crise do governo com show de atrocidades e defesa da volta da ditadura militar

O presidente Jair Bolsonaro não mentiu quando, em sua campanha eleitoral, prometeu cometer atrocidades. Elogiou torturadores como coronel Brilhante Ustra, defendeu a ditadura militar como regime político de sua preferência e prometeu ataques aos direitos e organização da classe trabalhadora. Neste final de semana, protagonizou novos momentos de seu característico autoritarismo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Cenas ultrajantes ao País!

No domingo (3), estimulando mais uma manifestação, com aglomeração de pessoas em época auge de propagação da Covid-19, Bolsonaro alardeou que as Forças Armadas “estão ao lado do povo”, com intuito de garantir credibilidade ao discurso golpista, o que causou desconforto e cobrança por um pronunciamento da instituição. Seu objetivo é fechar o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal), uma ditadura que permita fazer o que bem entender e implementar seu projeto de ataques aos direitos e entrega da soberania do país.

Além disso, para reafirmar sua submissão a dois governos de ultradireita internacionais, se manteve na rampa do Planalto com as bandeiras de Israel e EUA. Uma afronta ao povo brasileiro. Mesmo assim, seus ainda cegos seguidores – apesar de muitos já estarem pulando do barco -, o aplaudiam e o ovacionavam em Brasília, enquanto algumas manifestações e carretas reacionárias aconteciam em outras capitais.

Bolsonaro está irado com o STF, porque o ministro Celso Melo autorizou na segunda-feira passada (27) abertura de inquérito para investigar denúncias do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ao presidente. O pedido foi encaminhado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Se a gravidade das denúncias for comprovada, Bolsonaro pode ser enquadrado em crimes como: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação e obstrução de justiça.

Por fim, o que apavorou recentemente o presidente foi a decisão provisória do ministro do STF Alexandre de Morais de barrar a indicação de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal. O indicado era amicíssimo da família Bolsonaro, que está preocupadíssima com a investigação que envolve os três filhos do ‘capitão reformado’, o 01, 02 e 03, pelo órgão. As investigações buscam provas de peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, esquema de rachadinha e a produção das perniciosas notícias falsas ou fake news.

As aberrações do governo Bolsonaro não pararam por aí no dia de domingo. Jornalistas do jornal O Estado de S. Paulo, que cobriam a manifestação, foram agredidos pelos presentes, com as imagens da violência gravadas pela mídia nacional. O fato levou o procurador-geral da República a solicitar nesta segunda-feira (4) a apuração das agressões, afirmando em ofício que “Tais eventos, no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito”.

Já Bolsonaro, que deveria lançar uma nota de repúdio à violência e em defesa da liberdade de imprensa, preferiu colocar em dúvida as agressões e declarou que se houve violência, foi por parte de infiltrados entre os manifestantes.

Este mesmo Bolsonaro é o que ainda chama a Covid-19 de “gripezinha”, desrespeita todas as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) em combate à propagação do vírus, e estimula o fim do isolamento social para que o mercado volte a funcionar. Isto quando enfrentamos nesta segunda-feira (4) 105.222 casos confirmados e 7.288 mortes.

Visita de militar denunciado por assassinatos na ditadura

Um dia depois do ato no Planalto, Bolsonaro resolveu receber nesta segunda-feira o tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 85, conhecido como “Major Curió”, um nome simbólico da repressão durante a ditadura militar (1964-1985).

O militar, um dos principais nomes da ditadura ainda vivos, já foi denunciado seis vezes pelo Ministério Público Federal por participação nos assassinatos e sequestros de guerrilheiros de esquerda na região do Araguaia nos anos 70. Ele confessou a execução de 41 pessoas na Guerrilha do Araguaia (mesmo quando já estavam presos e sem condições de reação).

Posteriormente, foi “presenteado” com a administração do famoso garimpo de Serra Pelada, onde atuou como interventor da ditadura, e enriqueceu exponencialmente.

Em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19, que já matou mais de 7 mil pessoas e infectou mais de 100 mil, é mais uma provocação deste presidente de ultradireita e genocida, que defende a tortura e segue em sua escalada autoritária, buscando espaço para um auto-golpe que institua uma ditadura para impor seus desmandos sem resistência..

O encontro entre Bolsonaro e Curió é simbólico. De um lado, ultrajam a memória dos mortos e torturados pela ditadura e seus familiares. De outro, Bolsonaro segue também ignorando e tratando com descaso a pandemia que segue matando milhares de vida no país. Eles riem dos mortos e da barbárie.

 “Chega deste governo e suas atrocidades, é necessária a unidade imediata da classe trabalhadora para acabar com Bolsonaro. É urgente reforçarmos que queremos pra já Bolsonaro, Mourão e sua tropa fora do governo. Não dá para esperamos as próximas eleições como muitos defendem”, afirma o dirigente da Secretaria Executiva nacional da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Via cspconlutas.org.br