ENEM 2020: Desorganização, desrespeito e incompetência.
Estudantes são avisados que não poderão fazer a prova

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no domingo – 17 de janeiro, marcou mais uma das várias ações genocidas do Governo Federal. Cedendo à pressão do setor privado pela retomada, a prova foi realizada, apesar do recrudescimento da pandemia no mundo e no Brasil. Desrespeito à vida, essa tem sido uma das marcas do governo Bolsonaro.

Candidatos do Enem utilizaram suas redes sociais para expor sua indignação. Muitos foram impedidos de entrar no local do exame, não sabem se poderão fazer a prova e tiveram que deixar o local sem um comprovante de presença. A razão, segundo o Inep, foi que as salas chegaram à 50% da capacidade máxima muito antes do fechamento dos portões, às 13h. Este número, ainda segundo o Instituto, é por razão do distanciamento nas salas de aula no intuito de diminuir os riscos de contágio pela Covid-19 durante a prova. O ocorrido comprova que o Inep não se preocupou em garantir o distanciamento mínimo exigido pelas regras sanitárias. Coube aos responsáveis pelos locais de aplicação da prova atuar para garantir a segurança dos estudantes. Vários candidatos registraram boletim de ocorrência sobre o acontecido.

As provas foram aplicadas em 1.689 cidades em meio ao pior momento de transmissão de casos da Covid-19, resultando em mais de 50% de abstenção e estudantes barrados em escolas da edição 2020 do Enem. Não se sabe, dada à desorganização e falta de transparência do Inep, se as normas de distanciamento e segurança sanitária foram respeitadas em todos os locais de aplicação da prova.

O MEC simplesmente ignorou uma enquete na internet que ele mesmo criou. Foi perguntado quando a prova deveria ser realizada. Mais da metade dos participantes respondeu maio de 2021. Mas o Ministério da Educação afirma que a data atrasa o cronograma de faculdades (particulares), menosprezando a vida de milhares de estudantes.

Marcando a postura de negação da realidade, que têm marcado o governo Bolsonaro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro afirmou no domingo (17) que a realização do Exame em meio à pandemia foi "um sucesso”, mesmo com a abstenção de 51,5%, a maior em toda a história do Enem. Com a mesma avaliação negacionista, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que a aplicação do Enem foi "tranquila" do ponto de vista da segurança sanitária, ainda que os fatos demonstrem que não houve preocupação do Inep com as aglomerações nos portões nem com a superlotação das salas.

A presidente da Adusb, Soraya Adorno, destaca que “O governo Bolsonaro pouco se preocupou em garantir o acesso dos estudantes ao exame e muito menos que o mesmo ocorresse dentro das normas de segurança sanitária. O Enem é muito importante para milhões de jovens da classe trabalhadora, uma oportunidade única de acessar o ensino superior público, de qualidade e socialmente referenciado. É lamentável que o governo Bolsonaro desconsidere isso tudo, somente para satisfazer interesses do setor privado da educação”.