Mercado pressiona pelo retorno presencial das aulas em Vitória da Conquista e outras cidades da Bahia

O Brasil atravessa um dos momentos mais críticos da pandemia. São mais de 375 mil mortos pela covid-19 e o sistema de saúde está pressionado na maioria dos estados, inclusive na Bahia. Ainda assim, o governador Rui Costa aprovou no domingo (18), o retorno das aulas semipresenciais para os municípios com taxa de ocupação de leitos menor ou igual a 75%. A Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista seguiu pelo caminho aberto pelo governador e aprovou no dia seguinte a indicação de retorno das aulas presenciais no município. Apesar de não serem medidas iguais, ambas colocam vidas em risco ao cederem aos interesses do mercado de retorno das atividades nas instituições de ensino antes da vacinação.

“A aprovação das aulas semipresenciais e presenciais pelo governo Rui Costa e das aulas presenciais em Vitória da Conquista pela Câmara de Vereadores é absurda. Não podemos permitir que milhares de profissionais da educação, estudantes e suas famílias coloquem suas vidas em risco para atender às demandas dos donos de escolas, faculdades particulares e outros empresários do setor. Temos casos em outros estados em que famílias inteiras foram contaminadas após o retorno das aulas. Para a Adusb, cada vida importa. Seguimos trabalhando remotamente, no ensino, na pesquisa e na extensão, mas defendemos que retorno das aulas presenciais e semipresenciais, só após a vacinação de todas e todos”, critica a presidente da Adusb Soraya Adorno.

O decreto estadual 20.400/2021 na prática libera aulas nas cidades de Caém, Caldeirão Grande, Capim Grosso, Jacobina, Mairi, Miguel Calmon, Mirangaba, Morro do Chapéu, Ourolândia, Piritiba, Quixabeira, São José do Jacuípe, Saúde, Serrolândia, Tapiramutá, Umburanas, Várzea da Roça, Várzea do Poço e Várzea Nova. São os únicos dos 417 municípios da Bahia que estão com ocupação de leitos igual ou menor a 75% por pelo menos cinco dias consecutivos.

Em Vitória da Conquista, os vereadores Augusto Cândido (PSDB), Delegado Marcus Vinícius (Podemos), Pastor Orlando Filho (PRTB), Nelson de Vivi (DEM), Subtenente Muniz (Avante), Dinho dos Campinhos (PP), Adinilson Pereira (MDB) e Nildo Freitas (PSC) foram responsáveis pela aprovação da retomada das aulas presenciais na cidade.

Confira a nota de repúdio do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP) sobre a decisão da Câmara de Vereadores.

Empresários do setor da educação em todo país pressionam o poder público pelo retorno das aulas presenciais durante toda pandemia. Em fevereiro, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino da Bahia conseguiu uma liminar da Justiça para permissão do retorno das aulas na modalidade híbrida até 1º de março. O governo da Bahia recorreu da decisão e conquistou a suspensão da liminar sob alegação de que o estado enfrentava uma piora na situação da pandemia. A posição, no entanto, foi alterada ao longo dos meses, já que o quadro permanece crítico no estado e aulas semipresenciais foram autorizadas.

A Adusb, o SIMMP, o Sindicato dos Professores do Estado da Bahia (SINPRO) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) publicaram uma nota em fevereiro na qual afirma que “não julgamos que nossas vidas são mais importantes de quem quer que seja. Entendemos que o retorno do ensino presencial nas escolas, no contexto negacionista em que vivemos no Brasil, representa a possibilidade de um grave, e absolutamente desnecessário, aumento do risco para toda a parcela da classe trabalhadora que hoje já é obrigada a se arriscar todo dia e que já é a maior vítima dessa pandemia. Não há motivo para, só para atender especificamente aos interesses de lucro do setor privado, correr o risco de agravar ainda mais a situação que já vivenciamos no Brasil. A prioridade deve ser sempre a preservação da vida”.

Leia a nota conjunta na íntegra.

Adusb com informações do Sudoeste Agora, G1 e Correio da Bahia