NOTA DE REPÚDIO DO GTPCEGDS-ADUSB AO FEMINICÍDIO DE SASHIRA CAMILLY

No dia 16 de setembro deste, em Vitória da Conquista- BA, Sashira Camilly Cunha Silva, no auge de sua juventude, foi brutalmente assassinada. Mais um crime bárbaro de feminicídio, que nos choca pela crueldade e escancara a realidade machista e misógina de nossa sociedade. Um feminicídio, como outros, que não se constituiu enquanto um evento repentino ou inesperado; pelo contrário, se deu como parte de um processo contínuo de violências de gênero contra a vítima, que culminou no seu assassinato, feminicídio, bárbaro, cruel e covarde da vítima.  

Infelizmente, o Brasil é um dos países que lidera as estatísticas por morte de meninas e mulheres. Segundo dados Rede de Observatório da Segurança, pelo menos cinco mulheres foram assassinadas ou vítimas de violência por dia em 2020. Em Vitória da Conquista, de acordo com dados da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), foram registrados mais de 1200 casos de violência contra a mulher em 2021. Estes números são assustadores e demonstram a urgência da sociedade em cobrar do poder público medidas para preservar o direito das mulheres à vida. Não podemos permitir que este crime fique impune, que crimes terríveis como esse sejam naturalizados ou esquecidos, como o ocorrido com o caso da também jovem, Jéssica Nascimento, vítima de feminicídio aos 21 anos. Jéssica estava grávida. Destaca-se que o perfil étnico de ambos os casos/acusados é de origem branca, parcela privilegiada de nossa sociedade e, desta forma, é necessário, que as investigações sejam céleres e rigorosas.

É preciso que todos/as os/as envolvidos/as nesse crime bárbaro sejam identificados/as e rigorosamente responsabilizados/as na forma da lei. Mas também não podemos esquecer que ações preventivas são necessárias. É urgente garantir políticas educacionais que tragam para as salas de aula o debate das questões de gênero, étnico-raciais e de diversidade sexual, livre das amarras do falso moralismo reacionário e conservador ou do fundamentalismo religioso. Há necessidade da ampliação aos atendimentos dos postos das Delegacias Especializada de Atendimento à Mulher, com funcionamento 24h. Investimentos nos espaços adequados para acolhimento das denúncias, acompanhamento efetivo dos casos registrados e investimentos e capacitação para as/os profissionais deste setor. Urge também aumentar o efetivo da guarda Maria da Penha, ampliar e capacitar os espaços de acolhimento das vítimas por violência de gênero, cobrança efetiva para implementação da parada segura, dentre outras pautas que visem a proteção da vida da mulher, garantido a todas viver com dignidade.

 O Grupo de Trabalho por Políticas de Classes para Questões Etnoraciais, de gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS)-ADUSB, que luta pela emancipação da sociedade e das mulheres, pela superação do patriarcado, do machismo e todas as formas de opressão, vem a público repudiar veemente o feminicídio de Sashira Camilly, ao tempo que se solidariza com toda a família, pela irreparável perda e neste momento de dor.

Basta de Feminicídio!!

Vitória da Conquista, 20 de setembro de 2021