Marcha Antirracista denuncia ataques do governo Bolsonaro ao povo negro

Sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais estiveram juntos neste sábado (20), Dia da Consciência Negra, na Marcha Antirracista Fora Bolsonaro, em Vitória da Conquista. A manifestação organizada pelo Fórum Sindical e Popular denunciou o racismo no Brasil e os ataques do governo Bolsonaro à população negra. A Adusb construiu a atividade por reconhecer a importância do combate ao racismo para classe trabalhadora e a necessidade de impeachment do governo genocida.

A Marcha partiu da Praça 9 de Novembro, passando pelo centro da cidade até o Beco de Dôla, um quilombo urbano, localizado no bairro Pedrinhas. Laiz Souza, articuladora cultural e neta de Vó Dôla, conta que o espaço é símbolo de resistência do povo negro de Vitória da Conquista há oito décadas. “O nome de Vó Dôla é Maria Petronilha de Jesus. Ela e Vó Marcela quebravam pedra para existir, para viver, para criar os seus filhos. Trabalharam pegando água no Poço Escuro, levando para os grandes hotéis daqui de Conquista, que não existia água encanada. Pegavam lenha no Poço Escuro, no Mato de Marú, para poder abastecer a elite da nossa cidade. E hoje, as Pedrinhas, o Beco de Dôla, são excluídos da sociedade”, afirma.

Fora Bolsonaro Racista!

Wesley Amaral, professor da UESB, campus Itapetinga, esteve presente na atividade e destacou a importância do Dia da Consciência Negra, pois o mesmo “remete à necessidade de que as pessoas negras tenham seus direitos, que foram historicamente negados, reconhecidos. Ora, foram mais de 350 anos de escravidão. Essa escravidão impacta até hoje as pessoas com a diminuição do seu acesso à universidade, por exemplo”.

A luta contra o racismo e pelo impeachment de Bolsonaro na avaliação da professora da UESB, Lídia Cunha, “são a conjunção de um contexto no qual estamos vivendo e são inseparáveis. Fora Bolsonaro é lutar contra o racismo. Fora Bolsonaro é lutar contra a perda dos direitos da classe trabalhadora. E essa classe trabalhadora mais desprivilegiada é composta em maioria pelas pessoas negras desse país”.

Desde o início do governo Bolsonaro, diversas políticas de promoção da igualdade racial foram extintas ou sofreram drásticos cortes orçamentários, como o programa Juventude Viva e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Herberson Sonka, Agente de Pastorais Negras e Negros do Brasil, acredita que há um desmonte do governo federal em três frentes relacionadas à população negra, “primeiro, tirar recurso, no segundo, esvaziar os conselhos, e no terceiro, associar essas estruturas a uma política menor, uma política sem nenhuma relevância, sem nenhuma importância. Isso é ruim”.

Um dos reflexos da política racista do governo Bolsonaro é demonstrada na diferença entre as taxas de letalidade pela covid-19 no Brasil, que é de 38% para brancos, enquanto chega a 55% para negros. As diferenças foram levantadas pela militante da União da Juventude Comunista (UJC), Naila Araújo, que considera “fundamental o povo preto brasileiro hoje estar levantando a pauta pelo Fora Bolsonaro, Fora Mourão. Porque desde o início da pandemia, já tem pesquisa que comprova, que o povo preto periférico é o que mais morre devido a pandemia da Covid, porque somos nós que estamos ocupando os postos de trabalho mais precarizados. Somos nós que estamos nos expondo nos transportes públicos, indo para o trabalho de transporte público sem nenhuma forma de segurança sanitária, lotado. Somos nós que, em sua maioria, depende do SUS, que está cada vez mais precarizado”.

Para o diretor de relações sindicais da Adusb, Ferdinand Martins, o governo Sheila Lemos, em Vitória da Conquista, também reproduz o racismo do governo Bolsonaro, seu aliado político. “Veja a diferença entre o tratamento que é dado a um bairro como as Pedrinhas e o tratamento que dado ao Candeias, à Olívia Flores, onde a Prefeitura investe maciçamente os recursos do povo, para mostrar uma cidade que no fundo não corresponde à realidade. A realidade de nossa cidade é essa! Onde o povo pobre não tem urbanização, onde o povo pobre mora, não há coleta de lixo nesses bairros. Então, companheiros, nós estamos aqui para saudar esse povo, para dizer que estamos juntos na luta contra esse governo racista, genocida, que tenta exterminar com a população mais pobre desse país. Mas eles não conseguirão. Eles não conseguirão porque a nossa resistência é maior. Queria convidar a todos para continuarmos nesses atos, até pôr fim a esse governo genocida, racista”, critica o dirigente sindical.