650 mil mortes pela Covid: levantamento revela um Brasil desigual frente à pandemia

Antes de completar dois anos do registro do primeiro caso de Covid, o Brasil ultrapassou essa semana a marca de 650 mil mortes pela doença. Nesta quinta-feira (3), foram registrados 650.646 óbitos. Em 24h, foram registrados 594 mortes e 66.908 casos. Com isso, o país chegou a um total de 28.906.214 pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Ainda de acordo com dados apurados pelo consórcio de órgãos de imprensa, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 46.460, abaixo da marca de 50 mil pela primeira vez desde o dia 11 de janeiro (quando estava em 44.016). Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -58%, indicando tendência de queda nos casos da doença.

Efeitos desiguais

Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na quinta-feira (24), aponta o cenário de tendência de queda nos principais indicadores e o avanço da cobertura vacinal, mas destaca o quadro desigual da pandemia no país. Segundo a instituição, nem todos os territórios e populações vivenciaram a pandemia ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. Alguns enfrentaram a tempestade em um “iate”, outros com “remo”, comparam os pesquisadores.

Este quadro é revelado pelos indicadores de casos, internações e óbitos registrados para Síndromes Respiratórias Agudas Graves e Covid-19, principalmente nos municípios mais distantes das capitais e mais pobres. A desigualdade se repetiu na disponibilidade e acesso aos leitos de UTI para Covid-19.

A título de exemplo, foram selecionados os indicadores de casos, óbitos e cobertura vacinal do Brasil e quatro estados: Pará, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul.

As duas primeiras unidades da Federação pertencem territorialmente ao Norte e Nordeste brasileiros e têm história conhecida de maior população em níveis de pobreza, maior nível de desigualdade social e menor IDH. São Paulo e Rio Grande do Sul pertencem ao Sudeste e Sul, regiões conhecidas por indicadores com níveis mais favoráveis de riqueza, urbanização e facilidade de acesso a equipamentos sociais e serviços de saúde.

A diferença entre eles é notável, afirmam os pesquisadores. O indicador de casos novos no Brasil mostra que o país ultrapassou há algumas semanas o pico da onda provocada possivelmente pela introdução da variante Ômicron. A tendência acompanha os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul que, vale mencionar, têm volume notadamente maior que outras unidades da Federação. Desta forma, o padrão apresentado pela curva brasileira é bastante influenciado por esses estados.

No entanto, um olhar cuidadoso sobre o Pará mostra que, aparentemente, o estado ainda não chegou ao pico da curva. O Maranhão, por sua vez, apresenta um platô do que pode representar um pico, ainda com incertezas sobre esse comportamento.

Situação semelhante ocorre para os óbitos, segundo a Fiocruz. Em que pese o fato de que o comportamento da mortalidade tem uma defasagem em comparação à curva dos casos novos, a curva de mortes no Brasil parece entrar numa fase de estabilidade e, caso siga a tendência de fases anteriores, tenderá ao declínio nas próximas semanas. Esta tendência é percebida igualmente para São Paulo e Rio Grande do Sul, mas não no Pará e no Maranhão, onde a curva ainda parece ascendente.

“É equivocado, portanto, pensar em estratégias homogêneas de recuo na provisão de leitos e insumos para unidades de média e alta complexidade, assim como reduzir a indução da testagem em massa e o desincentivo ao uso de máscaras no país como um todo”, afirmam.

Em resumo, os especialistas ressaltam que, embora o cenário seja bastante promissor, “a pandemia ainda não acabou” e que há necessidade de proteger a população mais vulnerável. Dentre os mais expostos estão os adultos que não completaram o esquema vacinal, como também crianças e adolescentes.

A Fiocruz sugere que políticas públicas de combate às fake news com busca ativa dos não vacinados, campanhas de vacinação nas escolas, maior oferta e possibilidades de vacinação, exigência do passaporte vacinal nos locais de trabalho públicos e privados, assim como em transportes, devem ser avaliadas.

Ainda de acordo com a instituição, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas, mesmo em ambientes abertos, onde possa ocorrer concentração de pessoas.

Vidas perdidas

Embora o cenário aponte a tendência de queda nos casos da doença, a trágica marca de 650 mil mortes coloca o Brasil como o segundo país onde mais vidas foram perdidas nesta pandemia. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, o Brasil só fica atrás dos EUA, onde também se superou esse número de óbitos.

Mortes que poderiam ter sido evitadas se o governo de Bolsonaro tivesse, de fato, adotado uma política de prevenção e combate à Covid, afirmam infectologistas e epidemiologistas. Entretanto, em dois anos de pandemia, o que se viu por parte do governo foi negacionismo e uma política deliberada em prol de uma inexistente “imunidade de rebanho” que, na prática, resultou na morte de milhares de pessoas.

Disseminação de fake news; defesa de medidas ineficazes e perigosas como o uso da cloroquina; boicote às medidas de prevenção como uso de máscaras e isolamento social; atraso na aquisição de vacinas; esquemas de corrupção na compra de imunizantes; entre vários outros absurdos.

Um governo da morte que segue agora em relação ao boicote à vacinação de crianças.

Basta de genocídio! Esse governo de ultradireita tem de pagar pelas consequências trágicas que suas políticas provocaram. A luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão segue uma tarefa urgente em defesa da vida dos trabalhadores e do povo pobre!

Via cspconlutas.org.br