Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista: Nota de repúdio aos ataques misóginos e machistas contra a Diretoria do SIMMP e em defesa de uma imprensa livre e democrática

O Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista vem a público externar o seu total repúdio em face da Rádio Clube pela hostilidade e ódio destinado ao Simmp, às/aos profissionais da educação e aos/às servidores/as públicos/as municipais de Vitória da Conquista.

Desde o início da pandemia, a rádio em questão manifesta o seu descontentamento com os protocolos de saúde e segurança e parcela dessa insatisfação era direcionada para os sindicatos, entre eles o Simmp, como na ocasião em que este exigiu do poder público a garantia do acesso ao ensino remoto para todos os estudantes, o fornecimento de equipamentos de trabalho, internet e formação para os docentes. Quando do retorno presencial, o Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista exigiu a garantia dos cumprimentos dos protocolos de segurança, bem como a vacinação completa dos profissionais da educação, esquecendo os membros da rádio em questão que as medidas foram fruto das orientações de órgãos de saúde de todos os escalões, em especial à OMS. Os protocolos sanitários de biossegurança se fizeram necessários para garantir a proteção da população que lotava os hospitais e evitar a perda de mais vidas, o que atingiu e devastou inúmeras famílias. O Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista, enquanto entidade que congrega sindicatos e movimentos sociais, apoia os protocolos sanitários de biossegurança por representar a DEFESA DA VIDA da população.

Importante dizer que os trabalhadores das mais diversas categorias, entre estes professoras e professores, nunca se negaram a trabalhar durante esse período e muitos pagaram com suas vidas por isso. Na educação, durante toda a pandemia, professores e professoras fizeram o possível e o impossível para que os estudantes tivessem o melhor acesso à educação. Porém, infelizmente, não tiveram muito auxílio do poder público nesse sentido, seja na capacitação, seja no mapeamento das dificuldades enfrentadas por diversos estudantes, como dificuldade em ter internet, energia elétrica ou até mesmo possuir algum dispositivo para poder assistir suas aulas e realizar atividades.

Em meio a esse caos, professores e professoras ficaram à disposição de pais e alunos, praticamente 24hrs, de forma a responder questionamentos e ensinamentos, além de distribuir atividades nas casas dos alunos, às suas próprias expensas, dentre outras dificuldades.

Recentemente, o anúncio público feito pela prefeita e pelo governo do estado de que honrariam o aumento do repasse da verba federal do Fundeb de 33,24%, gerou expectativa na rede de professores municipais e do estado, mas, ao final, estes se quedaram surpresos com a forma que esse pagamento foi “feito”, ou melhor, não feito.

Embora a verba federal tenha sido disponibilizada para essa finalidade (repasse para o reajuste do piso nacional dos professores e cumprimento de seus respectivos planos de carreira), o ente municipal zerou os interstícios de tempo e de nível dos professores, acompanhando medida semelhante do governo estadual, que fazem parte da composição do salário base conforme os respectivos estatutos do magistério. No caso específico do município, colocaram apenas o valor do piso nacional, desprezando a capacitação do/a professor/a (nível) e o seu tempo de serviço, com os devidos percentuais a cada 5 anos de serviço.  Ou seja, a gestão municipal nivelou todos os/as professores/as, como se eles tivessem acabado de ingressar no serviço público.

É de conhecimento comum que os/as servidores/as públicos/as, independente da carreira que tenham optado, possuem um “plano de carreira”. Esse plano visa a valorização gradual da/o servidora/o, seja por ela/e se capacitar (com cursos ou novas titulações) ou/e com o tempo de serviço. TODAS as carreiras possuem “plano de carreira”. Advogados, médicos, arquitetos, dentre outros, possuem um regramento de sua carreira, com os/as professores/as não é diferente.

E, basicamente, o que se fez foi negar os direitos do plano de carreira para colocar apenas o valor do piso.

Apenas à título de exemplo, vários/as professores/as, com décadas de serviço dedicadas à educação municipal, tiveram o aumento inexpressivo de R$ 18,78 (dezoito reais e setenta e oito centavos)

Diante do absurdo de ter visto seu plano de carreira rasgado mais uma vez, os/as professores/as se organizaram e realizaram uma assembleia e uma manifestação em prol de seus direitos. O direito à manifestação e de greve são direitos CONSTITUCIONAIS e necessários para que trabalhadores e trabalhadoras possam defender seus direitos.

Acontece que em mais uma demonstração de ódio, ignorância e falta de respeito, a mesma rádio destila palavras pejorativas e depreciativas, para se referir aos/às professores/as e aos sindicatos.

Diante dessa situação, foi solicitada que a rádio recebesse o Simmp para que apresentasse a verdade sobre fatos expostos de forma inverídica pela rádio.

No dia 22/03/2022 a presidente e vice-presidente do Simmp se dirigiram para a entrevista, mas foram impedidas de falar e tratadas com total e absurda falta de respeito. Para os que ainda não tiveram acesso ao vídeo, disponibilizado pelo Simmp, as representantes sindicais não conseguiram sequer responderem a primeira pergunta, pois foram interrompidas e os ataques verbais dos apresentadores se iniciaram. E tudo se transformou em um espetáculo de ofensas direcionadas às representantes sindicais.

Em determinado momento um dos radialistas, aos gritos, alegou que uma das representantes “não tinha moral”, passando a ataques no plano pessoal e à honra dessa representante do Simmp. Numa óbvia distorção da liberdade de imprensa e de expressão, os apresentadores recorreram às táticas de injúria e ataques pessoais.

O Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista defende as liberdades de imprensa e expressão. Em verdade, essas duas liberdades fazem parte de um rol de direitos vitais à democracia.

NO ENTANTO, AS LIBERDADES DE IMPRENSA E EXPRESSÃO PRECISAM SER EXERCIDAS COM RESPONSABILIDADE.

As liberdades citadas acima não podem ser usadas para camuflar discursos de ódio ou crimes contra a honra como difamações, calúnias ou injúrias.

Os movimentos sociais, sindicais e demais entidades, abaixo assinadas, manifestam apoio e solidariedade ao Simmp e declaram total repúdio e ojeriza a atos misóginos, machistas e violentos como os praticados contra as Professoras Elenilda Ramos e Greissy Reis por parte dos apresentadores da Rádio Clube Conquista.

 

Vitória da Conquista, 24 de março de 2022.

 

Assinam essa nota:

  • Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM)
  • Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD)
  • Partido Comunista Brasileiro (PCB)
  • Unidade Classista (UC)
  • Partido Socialismo e Liberdade (Psol)
  • Coletivo Feminista Obá Elekó
  • Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb)
  • Movimento Brasil Popular
  • Levante Popular da Juventude (LPJ)
  • Mandato Vereador Xandó
  • Sindicato dos Bancários
  • Sindicato dos Trabalhadores Em Educação do Estado da Bahia (APLB)
  • Instituto Búzios
  • Unidade Popular (UP)
  • Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
  • Sindicato dos Servidores da Fazenda do Estado da Bahia (SINDSEFAZ)
  • Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (SINPRO-BA)
  • Movimento de Mulheres Olga Benário
  • União da Juventude Rebelião (UJR)