Defesa da educação pública mobiliza comunidade acadêmica da UESB

Desvalorização dos servidores, falta de recursos para permanência estudantil e repúdio ao projeto de cobrança de mensalidade em universidades públicas mobilizaram professores, estudantes e técnicos da UESB. Nesta quarta-feira (24), as categorias realizaram ato público em frente aos portões da universidade, em Vitória da Conquista, Jequié e Itapetinga. A atividade fez parte da Semana de Lutas das Instituições de Ensino Estaduais e Municipais, organizada nacionalmente pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN).

Os portões dos três campi da UESB ficaram fechados de 7h às 9h, com realização de atividades culturais e discussão política entre docentes, estudantes e técnicos. As categorias apontaram a importância do fortalecimento da unidade para reverter os ataques à universidade.

Servidores desvalorizados

A alta da inflação tem impactado a população brasileira com a alta dos preços dos alimentos, combustíveis, remédios e tantos outros itens de necessidade básica. Os servidores públicos baianos estão inseridos nesta realidade de carestia. Nos últimos sete anos as perdas chegaram a quase metade do valor dos salários. O reajuste pago no ano passado está longe de alcançar ao menos a inflação de 2021. Além disso, o governo se recusa a negociar com professoras e professores das Universidades Estaduais da Bahia e a abrir concurso para técnicos.

“Nós temos um governo do Estado que atenta, que sucateia a educação, que retira nossos direitos. Nós estamos aqui exatamente para enfrentar essa realidade, essas práticas neoliberais”, denunciou a vice-presidente da Adusb, Suzane Tosta.

Financiamento e permanência estudantil

A UESB também sente os reflexos do crescimento da inflação. Apesar do orçamento geral da universidade dos últimos sete anos ter crescido, não repõe toda inflação do período. As verbas de manutenção, investimento e custeio, usadas para o pagamento dos custos das atividades de ensino, pesquisa e extensão, estão achatadas em relação às demandas.

As políticas de permanência estudantil são exemplos da insuficiência de recursos. As bolsas estão com valor congelado desde 2015. No entanto, as refeições do Restaurante Universitário, que recebe subsídio da universidade, ficarão mais caras. De acordo com informações do DCE UESB, campus Vitória da Conquista, o café da manhã subirá de R$ 4 para R$ 7 e o almoço de R$ 7,20 para R$10,20.

Privatização das universidades

Segue em tramitação no Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional que pretende aprovar a possibilidade de cobrança de mensalidade nas universidades públicas (PEC 206). O projeto já obteve parecer favorável do relator.

Durante a mobilização, a comunidade acadêmica da UESB se mostrou indignada com a proposta, avaliada como excludente e elitista. O diretor de comunicação da Adusb, Hayaldo Copque, ressaltou sua preocupação com a PEC 206, pois “durante a pandemia vimos que se não fosse o SUS, se não fossem as pesquisas das universidades, o que seria de nós? Ou a gente parte para a defesa irrestrita do que é público ou a gente vai passar a usar somente os serviços privados e vamos ter que pagar para tudo, inclusive para estudar”.