Combustíveis aumentam, presidente da Petrobras pede demissão, mas política de PPI segue intocada

Ainda sob o impacto do anúncio de mais um reajuste nos preços dos combustíveis feito pela Petrobras durante o feriado, o presidente da empresa, José Mauro Coelho, anunciou a renúncia ao cargo na manhã desta segunda-feira (20).

Coelho é o terceiro presidente da Petrobras em três anos e meio do governo Bolsonaro, tendo ficado no cargo por pouco mais de dois meses. Ele também deixará o cargo de membro do Conselho de Administração.

O diretor executivo de Exploração e Produção, Fernando Borges, assume como presidente interino da empresa, à espera de que o Conselho de Administração vote as novas indicações feitas pelo governo para o comando da estatal. O nome indicado por Bolsonaro para a presidência da Petrobras é Caio Mário Paes de Andrade, que foi secretário de Desburocratização do Ministério da Economia.

A política de preços baseada no mercado internacional

Coelho não resistiu aos ataques do próprio governo e do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) após o reajuste dos combustíveis anunciado na sexta-feira (17).

Desde sábado, o litro da gasolina vendido pela Petrobras às distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06, aumento de 5,18%. Já para o diesel, o aumento foi de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro, uma elevação de 14,26%. Desta vez, o preço do gás de cozinha foi mantido.

Os reajustes foram feitos com a justificativa de sempre: a paridade com os preços e custos internacionais, que vem ditando a política da empresa desde o governo Temer, em 2016.

Bolsonaro "surtou" com o novo reajuste. Acuado com as pesquisas eleitorais em que aparece em desvantagem e ciente da impopularidade da situação para sua campanha, o discurso de presidente repete o óbvio e o que a população está sentindo na pele. Classificou o lucro da empresa de "extorsivo", ameaçou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e atacou a direção da estatal, .

Mas, tudo não passa de jogo de cena para parecer que o governo tenta fazer algo. Na prática, a única medida efetiva que poderia interromper esses aumentos abusivos é acabar com a PPI (Preço por Paridade de Importação), mas isso Bolsonaro e nem Arthur Lira se propõem a fazer.

Em nota, o Sindipetro-RJ questionou a demagogia de Bolsonaro: "cadê a famosa canetada, que os governantes tanto gostam de usar contra o povo, para decretar o fim do PPI?"

O sindicato dos petroleiros ressalta ainda que apesar da dolarização dos preços dos combustíveis estar sendo praticada pela Petrobrás desde 2016 para facilitar os lucros dos importadores com a adoção do (PPI, somente agora, o governo Bolsonaro começou a usar o assunto na mídia, jogando a responsabilidade para os dirigentes da estatal, apesar do governo como maior acionista da Petrobrás ter nomeado seis dos 11 nomes que compõem o Conselho Administrativo da empresa.

Ofensiva para a privatização

Segundo o sindicato, na verdade, o governo faz campanha contra a Petrobras com o objetivo de colocar a população a favor da privatização da estatal.

"Bolsonaro chegou a soltar que a “Petrobras é a maior inimiga do Brasil”. Mas, sua primeira medida ao assumir a presidência foi privatizar a BR Distribuidora e dar início ao plano de Guedes de vender o parque de refino. Por outro lado, no exterior, uma CPI da Petrobras também afetaria a imagem da petrolífera, facilitando a baixa de valor de mercado para a concretização do desmonte e venda da empresa", afirma a entidade.

Os sindicatos dos trabalhadores petroleiros estão na luta pelo fim da política de PPI, contra a privatização, pela desprivatização do que já foi entregue ao setor privador e por uma Petrobrás 100% estatal sob controle dos trabalhadores para que os lucros da empresa sejam revertidos para as necessidades do povo brasileiro e não para favorecer acionistas privados que hoje ditam os rumos da empresa. 

Como já anunciaram os petroleiros, se os ataques continuarem a resposta precisa ser com uma grande greve nacional!

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Com informações: Sindipetro-RJ

Via cspconlutas.org.br