Docentes de universidades estaduais se mobilizam por reajuste, data-base e melhores condições de trabalho

Docentes das universidades estaduais da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná e Paraíba se mobilizaram de 11 a 13 de abril por reajuste salarial, pela valorização das carreiras e por melhores condições de trabalho.

Na Bahia, na quarta-feira (12), docentes das universidades Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), do Estado da Bahia (Uneb), Estadual de Santa Cruz (Uesc) e Estadual de Feira de Santana (Uefs) paralisaram as atividades por 24h e realizaram um ato público unificado na capital Salvador. As e os manifestantes saíram em caminhada do Campo Grande até o Largo de São Pedro.

Um dos objetivos da manifestação foi dialogar com a sociedade baiana sobre as perdas salariais e chamar atenção do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para a necessidade de abertura da mesa de negociação com a categoria. De acordo com o Dieese, a corrosão salarial dos professores e das professoras das Estaduais baianas é de 53,33%, após oito anos sem reposição salarial.

Foto: Priscila Costa/Fórum das ADs

Luiz Henrique Blume, 3º secretário e da coordenação do Setor das Iees/Imes do ANDES-SN, avaliou positivamente o ato de rua da Campanha Salarial por ter contado com uma grande presença das e dos docentes e do restante da comunidade acadêmica e, ainda, ter ganhado visibilidade na imprensa e, por consequência, junto à sociedade. “O ato de ontem foi muito importante. As quatro universidades estaduais paralisaram as aulas, com um total de adesão de 6 mil professores e, com isso, conseguimos uma visibilidade, inclusive na própria imprensa. O ato demonstrou que a categoria não está disposta a ficar aguardando por mais tempo e exige uma resposta do governo, que até o momento não apresentou nenhuma proposta. Nós apresentamos as reivindicações, entre elas, a [de reposição] da perda salarial de 53,3% e o governo não sinalizou com nada”.

Segundo Blume, o Fórum das ADs - que reúne as seções sindicais do ANDES-SN -, está avaliando a próxima mobilização que deve ocorrer até o mês de maio com uma provável paralisação e outras atividades. "Não se descarta a possibilidade de que as assembleias possam indicar uma radicalização do movimento nessa avaliação das próximas mobilizações", disse.

Ceará

Foto: Fuaspec

As e os docentes das três universidades estaduais - do Ceará (Uece), Regional do Cariri (Urca) e do Vale do Acaraú (UVA) - se reuniram na manhã da quarta-feira (12) em frente ao Palácio da Abolição, sede do governo, a fim de cobrar de Elmano de Freitas (PT) a recomposição salarial e o cumprimento da lei da data-base no estado. O Dia Unificado de Luta Pela Reposição Salarial foi convocado pelo Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Ceará (Fuaspec) e contou com a participação das seções sindicais e da Regional Nordeste I do ANDES-SN, de dezenas de categorias do serviço público e dos movimentos estudantis das universidades cearenses. Depois de oito anos sem reposição, o acumulado de perdas salariais no Ceará já ultrapassa os 37%.

Foto: Sinduece SSind. 

“A mobilização também provocou as entidades e bases estudantis que, além de compreenderem a importância da valorização do salário de professores, professoras e técnicos-administrativos para a qualidade da educação, também estão revoltados com a falta de reajuste das bolsas de pesquisas e permanência para estudantes. Fomos recebidos, em comissão, por representante do governo, que prometeu empenho na garantia de algum índice de reposição salarial que será apresentada na Mesa de Negociação Permanente que irá acontecer no dia 24 deste mês de abril”, disse Sâmbara Ribeiro, 1ª vice-presidenta da Regional Nordeste I do ANDES-SN e da coordenação do Setor das Iees/Imes.

Uma nova manifestação está prevista para o dia 24 de abril, durante a reunião da Mesa Estadual de Negociação Permanente, na Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag). O Estado de Greve foi aprovado no último mês por docentes das três instituições de ensino superior cearenses.

Minas Gerais

Foto: Guilherme Bergamini/Arquivo ALMG

Na  quarta-feira (12) ocorreu uma audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que discutiu a nomeação de concursadas e concursados aprovados, que estão em vínculo precário de trabalho na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). Solicitada pela Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg SSind.), a audiência contou com a participação da Regional Leste do ANDES-SN, de representantes do Coletivo pela Nomeação e da Reitoria da universidade. 

Durante a reunião, a Aduemg SSind. ressaltou seu compromisso na luta pela nomeação de todas e todos aprovados nos concursos em vigência, que já estão trabalhando na Uemg, mas que estão contratadas e contratados em vínculo precário, como também daquelas e daqueles primeiros colocados que aguardam a nomeação em editais mais recentes.

Paraná

Foto: Sesduem SSind.​​​​​​


Pela segunda vez em menos de um mês, na terça (11), as e os docentes paralisaram as atividades nas sete universidades estaduais de Londrina (UEL), Paraná (Unespar), Norte do Paraná (Uenp), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), Oeste do Paraná (Unioeste) e Centro-Oeste (Unicentro). Além de suspender as aulas, professoras e professores das seções sindicais do ANDES-SN realizaram panfletagens nas instituições, assembleias e também participaram de uma manifestação na Assembleia Legislativa do Paraná, na capital Curitiba. A categoria, em conjunto com representantes das servidoras e dos servidores da Saúde Educação e Segurança, dialogou com parlamentares para convencer deputadas e deputados sobre a urgência do pagamento da data-base para o funcionalismo público. Pela manhã, as e os representantes das seções sindicais visitaram gabinetes e entregaram um documento com as reivindicações.

Foto: Sindiprol/Aduel

Gilberto Calil, 2º tesoureiro da Regional Sul do ANDES-SN, contou que o governo estadual precisa reajustar os salários em 42% para recompor as perdas desde 2016. Por sua vez, o governo de Ratinho Júnior (PSD) apresentou uma proposta de 5,79% a ser pago em agosto e não em maio, que é o mês da data-base. O índice proposto pelo governo corresponde apenas à inflação registrada em 2022. "Essa paralisação teve uma adesão extremamente alta em todas as universidades e isso se evidencia como uma disposição da categoria para mobilizar em defesa da reposição salarial. Além disso, os docentes reivindicam melhorias na carreira, fundamentalmente em dois pontos em especial: no aumento do índice de adicional de titulação para especialista, mestre e doutor, em 20% do que temos estabelecido hoje; e também na correção de um grave equívoco na nossa carreira, que prevê a condição de professor titular, mas estabelece o acesso via concurso externo e a nossa reivindicação é que esse acesso se dê mediante processo de progressão, como se dá nos demais níveis e como se dá nas universidades federais”, explicou.

Em assembleia realizada na terça, as e os docentes da UEL aprovaram, com uma única abstenção e nenhum voto contrário, o indicativo de greve para a primeira semana de maio. As demais universidades realizarão assembleias na próxima semana para deliberar sobre esse mesmo ponto de pauta.

Paraíba
Também pela reposição salarial das servidoras e dos servidores públicos, na quinta-feira (13), as e os docentes organizados no Fórum dos Servidores Estaduais da Paraíba participaram de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, que discutiu as questões salariais, data-base, valorização e plano de carreira. Um dia antes (12), a Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba (Aduepb – Seção Sindical do ANDES-SN) integrou a comitiva do Fórum que visitou gabinetes das deputadas e dos deputados estaduais para reforçar a importância da presença das e dos parlamentares na audiência.

Com informações das seções sindicais do ANDES-SN

Via andes.org.br