2011: um ano de lutas e de reafirmação da CSP-Conlutas em todo o País

A economia brasileira ainda não sente os efeitos da crise internacional com tanta intensidade, mas a patronal e o governo Dilma foram duros diante de todas as lutas que ocorreram em 2011. As conquistas alcançadas dependeram de muita resistência e disposição dos trabalhadores.
A presidente Dilma assumiu e viu em seu primeiro ano de mandato a retomada das lutas operárias no Brasil, além das tantas categorias de trabalhadores que se mobilizaram. Operários da construção civil e pesada, metalúrgicos de montadoras, bombeiros, professores das redes estadual e municipal, servidores públicos, petroleiros, trabalhadores dos Correios, da mineração, da alimentação, de processamentos de dados e da indústria química, rodoviários, bancários, gráficos e tantos outros.

Que PAC é esse? – Talvez as lutas mais duras e que mais tenham chamado a atenção do país, até por sua radicalidade, foram a dos operários da construção civil e pesada. Muitas delas emocionaram parte das pessoas ao expor as péssimas condições de trabalho e de salários nos canteiros – em um país que alardeia sua breve entrada no primeiro mundo. A realidade das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) mostrou que esse crescimento não é para todos. Foi assim nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Suape (PE), Pecém (CE), no Mato Grosso do Sul, em refinarias da Petrobras de diversos estados, assim como em canteiros da construção civil em Belém (PA) e Fortaleza (CE) e nas obras dos estádios da Copa do Mundo de 2014. Foram enfrentamentos com patrões, governos, polícia militar e burocracia sindical governista. E ainda as greves protagonizadas no canteiro da obra da hidrelétrica de Belo Monte, na região de Altamira (PA).
Metalúrgicos das montadoras, principalmente interior de São Paulo e Paraná, foram firmes em suas mobilizações. Trabalhadores dos Correios e bancários realizaram greves nacionais.
O funcionalismo público foi uma categoria que não parou de lutar contra o desmonte dos serviços públicos no Brasil e por melhores salários e condições de trabalho. E parece que terão um 2012 difícil, uma vez que a presidente Dilma já anunciou que não haverá aumentos para a categoria. Estiveram na luta os trabalhadores da base da Fasubra (servidores das universidades) e do Sinasefe (servidores das instituições do ensino técnico), os servidores do judiciário, docentes de universidades e vários outros setores.
Quem não se lembra das greves dos trabalhadores em educação das redes públicas estaduais, em vinte e dois estados brasileiros? A professora Amanda Gurgel, ativista da CSP-Conlutas, se tornou uma expressão dessa resistência por expressar suas critícas à educação brasileira na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte.
Uma greve mobilizou todo o Rio de Janeiro contra com o governo Sérgio Cabral (PMDB) e foi manchete no país: a dos bombeiros militares. “Somos todos bombeiros”, com essa palavra de ordem a CSP-Conlutas apoiou efetivamente essa mobilização. Essa paralisação desencadeou outras de corporações militares e policiais civis em vários estados, com destaque para a greve dos militares paraibanos e a dos policiais civis e militares do estado do Maranhão.
Os movimentos populares também protagonizaram importantes lutas neste ano com ocupações no Ministério das Cidades (DF) organizadas pelo MTST, ocupações de terrenos e denúncias da especulação imobiliária com as obras para a Copa do Mundo e Olímpiada.
Assim como lutaram os estudantes nas universidades cuja parte das lutas foi capitaneada pela ANEL, ou mesmo as mobilizações contra as opressões de negros e negras, mulheres e homossexuais, onde a CSP-Conlutas se destacou no decorrer de todo o ano.
A CSP Conlutas teve atuação destacada em todas essas lutas, assim como buscou a sua unificação, mas na grande maioria das vezes não ocorreram devido ao papel das direções governistas.
Essa atuação destacada também se deu no campo internacional, quando a nossa Central apoiou as mais diversas greves e mobilizações ocorridas na Europa, as revoluções nos países árabes e ainda as campanhas de solidariedade aos povos haitiano e palestino.

As jornadas nacionais – A Central esteve à frente um dia de mobilização nacional, em 28 de abril, que envolveu trabalhadores de cinqüenta categorias, em dezesseis estados de todas as regiões do país. Participaram a ANEL, MTST, MST, Via Campesina, MUST, Quilombo Raça e Classe, Movimento Mulheres em Luta e Movimento Passe Livre, dentre outros. Cerca de cento e quarenta entidades se envolveram nas atividades.
A Jornada Nacional de Lutas, de 17 a 26 de agosto, promoveu manifestações nos estados e uma caravana a Brasília (DF) em 24 de agosto. Além da CSP Conlutas, convocaram as atividades a CNESF, COBAP, ANEL, Condsef, MTL, MTST, MST, UST, Intersindical e diversas outras entidades.
A Marcha em Brasília foi o ponto alto das atividades, reunindo vinte mil manifestantes, com destaque para as colunas da Central e de suas entidades filiadas. As bandeiras levantadas pelos segmentos participantes contendo a denúncia das políticas do governo e as exigências das categorias e movimentos populares e estudantis conferiram, objetivamente, à manifestação, um caráter de protesto contra o governo Dilma.
Representações da Central, movimentos filiados e outras entidades que organizaram a Marcha foram recebidas em audiências com representantes de diversos Poderes da República e ministérios. A imprensa teve que registrar, com algum destaque, as manifestações e atividades do dia 24.
Nenhuma dessas lutas foi fácil. Patrões e governo as trataram com muita dureza, assim como o governo Dilma, aproveitando da popularidade herdada de Lula, deu alguns passos e quer atacar em 2012 com as reformas sindical, trabalhista e previdenciária e não se intimidou em criminalizar os movimentos.
Tudo indica que 2012 não será um ano diferente. Muitas mobilizações ocorrerão, tanto nos movimentos sindicais como nos populares, e podem ainda ser agravar se os efeitos da crise econômica internacional vierem a repercutir com mais força no Brasil. Mas, com certeza, A CSP-Conlutas participará de cada uma dessas mobilizações.
A Central aprovou como projeto reforçar seu trabalho de organização de base para fincar os pés no interior das categorias dos trabalhadores brasileiros e impulsionar ou participar de cada uma das lutas que venham ocorrer no próximo ano.


Fonte: CSP-Conlutas