Governo do Paraná rompe acordo e empurra docentes para a greve

Depois de quase um ano de negociações, o governo do estado do Paraná retirou unilateralmente a proposta que tinha apresentado antes, o que está levando os professores das universidades estaduais paranaenses a entrar em greve. Já está marcada uma paralisação para o dia 7 de março, quando será realizada uma grande manifestação em Curitiba, em frente ao Palácio do Governo.

Os docentes filiados ao Sinduepg (Ponta Grossa), Sindiprol-Aduel (Londrina), Adunicentro (Guarapuava) já aprovaram a paralisação no dia 7 de março, que também deve ser aprovada pelos filiados da Adunioeste (Cascavel), já que o indicativo já foi aprovado na maioria dos campi. A Sesduem (Maringá) realizaria assembleia na tarde desta quinta-feira (16) para decidir sobre a mobilização.

Desde o ano passado, os professores discutem com o governo estadual a alteração do plano de carreira visando a equiparação salarial com técnicos administrativos com a mesma formação. Hoje um professor auxiliar recebe R$ 1.808,82, enquanto que um técnico ganha R$ 2.382,77. Havia uma disposição do governo de mudar esse quadro, mas o governador Beto Richa (PSDB) argumentou problemas de caixa para retirar a proposta.

“Há na categoria um sentimento de indignação muito grande”, constata o presidente da Adunioeste, Antonio Bosi. Além de reivindicarem a reapresentação da proposta, os docentes também vão exigir a recomposição do orçamento das universidades, que tiveram cortes drásticos nos recursos destinados ao custeio.

Segundo o jornal Gazeta do Oeste, na Unicentro o corte de custeio foi de 15%, na Universidade Estadual de Maringá, de 70%; e na Universidade Estadual de Londrina foi 60%. Também houve um corte brutal nas bolsas para estudantes e estagiários.

Além disso, o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino, em reunião recente com as lideranças sindicais, anunciou que a ampliação do quadro docente não será feita. O governo apenas se comprometeu a manter a reposição de quadro no caso de falecimento, aposentadoria e exoneração.

Antonio Bosi explica que se o governador não reabrir as negociações no dia 7 de março, nesse mesmo será realizada uma assembleia em Curitiba, já que deverão ir representantes de todas as universidades para o ato público, quando poderá ser votado um indicativo de greve. A última paralisação realizada pelos docentes paranaenses foi em 2007.

Desrespeito
“Trata-se de uma reação dos docentes ao desrespeito por que tem sido tratado pelo Governo do Paraná. A categoria está se sentido traída pelo governador Beto Richa. Estamos reivindicando o mínimo, apenas a equiparação salarial com os técnicos das Universidade “, aponta Cintia Xavier, presidente do Sinduepg.

Em Ponta Grossa, a assembleia que decidiu pela paralisação no dia 7 de março contou com a participação de cerca de 100 professores. Nessa assembleia foi aprovado um indicativo de greve por tempo indeterminado a partir do dia 14 de março, caso as negociações não avancem. “Vamos mostrar ao governador que acordo feito é para ser cumprido”, argumenta Cíntia Xavier.

Ela discorda do argumento do governo de que faltam recursos. “Como, depois de confirmar que concederia a equiparação salarial aos docentes em três parcelas anuais (9, 32%), pagas até abril de cada ano, o governo,  através do Secretário de Ciência e Tecnologia, Alípio Leal, voltou atrás, negando o reajuste?”, questiona. 

“O governo diz que está negando o reajuste por questões técnicas, ora, se fosse técnica, porque esses números não aparecem nas análises do próprio governo? É claro que se trata de uma decisão política, de desrespeito os docentes e as universidade públicas do Paraná”, contesta a presidente do Sindupeg.

Fonte: Andes-SN