Greve dos trabalhadores da educação no RJ está crescendo a despeito das ameaças dos governos

A educação pública no Rio de Janeiro está em luta. Os profissionais da educação da rede municipal somaram-se à greve da rede estadual e estão paralisados desde o dia 8 de agosto.

As principais reivindicações são por reajuste salarial, melhoria nas condições de trabalho, um plano de carreira unificado, fim da política de meritocracia e um terço da carga horária para planejamento das aulas.  

De acordo com nota da CSP Conlutas Rio de Janeiro, “são cerca de 150 mil professores, funcionários e técnicos administrativos da educação pública lutando contra as políticas dos governos do PMDB de Sérgio Cabral e Eduardo Paes”.

Na última quarta-feira (14), mais de 15 mil trabalhadores da educação do município ocuparam as ruas da zona sul da cidade para a realização de uma grande assembleia, que transformou-se em uma passeata de mais de 4h, até o Palácio da Cidade. Ao mesmo tempo, milhares de profissionais das escolas públicas estaduais reuniam-se no auditório do Instituto de Educação, para votar a continuidade da greve e o próximo calendário de lutas.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) afirmou que está aplicando falta aos servidores municipais que não estão comparecendo às salas de aula e que ao completar dez dias de paralisação, o governo encaminhará processo de demissão para a Secretaria de Planejamento e Gestão. No âmbito estadual, o governo afirma que não reconhece a greve e está tentando aplicar o código 30, que contabiliza a ausência dos trabalhadores grevistas como falta comum.

“É lamentável a postura autoritária dos governos municipal e estadual frente a uma greve legítima, aprovada em assembleia da categoria”, caracteriza Susana Gutierrez, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe). Segundo o Sindicato, a greve da rede municipal já atinge 80% de adesão, e da estadual, 50%.

“A resposta que a categoria vem dando frente a esses ataques é de aumento da greve. Tanto o governador quanto o prefeito são da mesma base de aliança entre PMDB e PT. O Sérgio Cabral vivencia profundo desgaste político, sua popularidade está na média de 8%. E Eduardo Paes está envolvido nos mesmos escândalos que o governador”, descreve Susana, ao contar que o movimento está usando o tem “Fora Cabral, vá com Paes”.

Na terça-feira (20) está marcada nova assembleia dos trabalhadores em educação da rede municipal, e na quarta-feira (21) será a da estadual. “O sentimento da categoria é de aumentar a greve e unificar as lutas. É uma luta em defesa da defesa educação pública de qualidade”, relata Susana. “Vale dizer que a Faetec [Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro] está em greve e possivelmente os trabalhadores da UERJ também vão paralisar”, afirma.

Para Susana, a perspectiva é de aumento da luta. “O movimento tem crescido muito, estamos num momento político de atos todos os dias, junho provou que é possível conseguir vitória nas ruas. Essas medidas autoritárias só aumentam nossa vontade de lutar”, conclui.

Fonte: CSP-Conlutas