Proteste: parlamentares querem engordar ainda mais seus próprios salários

Enquanto os trabalhadores enfrentaram ou enfrentam a dureza dos patrões e dos governos para conseguir aumentar seus salários nas campanhas salariais de 2014, e estão suando a camisa para conquistar uma média de 8% a 10% de reajuste, os deputados e senadores discutem, sem maiores percalços, o aumento dos próprios salários, que atualmente chega a bagatela de R$ 26,7 mil.

A discussão não é se vai ter o aumento, e sim de quanto será. Parte dos parlamentares está reivindicando a equiparação dos seus salários com o dos ministros do Supremo Tribunal Federal, cuja discussão sobre aumento também está em pauta na Câmara, e pode ser reajustado em 22% – passando a ser de R$ 35,9 mil.
 
Para além dos salários, os congressistas possuem diversos benefícios como auxilio moradia, que passam dos R$ 3 mil, e ajuda de custo para alimentação, transporte e afins de R$ 44 mil, entre outras regalias.
 
Se compararmos os benefícios que os parlamentares já têm, com a reivindicação dos trabalhadores da construção civil de Belém do Pará, por exemplo – que nesta campanha salarial lutaram para arrancar dos patrões uma cesta básica de R$ 40 – a discrepância entre ambos é simplesmente absurda.
 
Além disso, enquanto os congressistas discutem aumento dos seus já altos salários, a classe trabalhadora sofre para que o dinheiro que ganham dê para pagar as contas no fim do mês; contas essas que, com a volta da inflação, só aumentam.
 
O governo “novo” já informou que vai aumentar o preço da gasolina ainda em 2014. A energia elétrica já foi reajustada em 13 regiões do país, e teve alta de 4,61%, segundo dados do IBGE.  Em Belém, por exemplo, essa tarifa teve aumento de 35% e as empresas do setor no Rio de Janeiro estão exigindo um aumento de 25%. Só agora em setembro, os alimentos e bebidas, cujo peso orçamentário para a população é de 25%, subiram 0,78%. Houve alta também no grupo de transportes de 0,63%, ante 0,33% em agosto.
 
Para membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes, o aumento dos preços empurrados para os trabalhadores, somado a postura dos parlamentares em aumentar os próprios salários, só reafirma que a classe trabalhadora deve estar em alerta, não se enganar, e se armar para combater esses ataques e impedir essa afronta. “Não devemos nos enganar, atitudes como essas só comprovam que esses parlamentares governam para si, para atender seus privilégios e das empresas que financiam suas campanhas, e estão pouco se lixando para as reivindicações dos trabalhadores”, critica.
 
“É um absurdo ver eles, após o período de eleição, em que enchiam os trabalhadores de promessas de melhorias no governo, discutirem aumentar ainda mais seus salários, já abusivos, se comparados com os salários do povo”, conclui Atnágoras.
 

Fonte: CSP-Conlutas