Após o agitado Dia da Indignação, luta dos servidores continua firme no Rio Grande do Sul

Responsável pelo protagonismo de diversas ações de peso nas mobilizações dos trabalhadores em terras gaúchas, o Sindicaixa encabeçou o ato realizado na última semana, em frente ao Centro Administrativo do Estado, e reuniu, na sexta-feira passada (31), mais de 4 mil servidores em protesto contra o atraso no pagamento dos funcionários do Poder Executivo. Neste dia, houve trancaço da avenida Borges de Medeiros, uma das principais vias de acesso à zona Sul de Porto Alegre, e os manifestantes permaneceram na via por cerca de uma hora.

Segundo Érico Corrêa, diretor do Sindicaixa, o objetivo desta luta visa trabalhar “com a desconstrução de um discurso que busca esconder a verdade, dialogando com a base e explicando que além da luta contra os ataques do governo Sartori também deve ser questionado o ajuste fiscal da Dilma, o PPE – Programa de Proteção ao Emprego”.

Ainda que este discurso real não agrade a governistas, Érico relata que a base tem superado as direções e vem demonstrando disposição de luta. “As escolas estão paradas a partir das 10 horas da manhã e estamos nos preparando para a assembleia geral do funcionalismo público. Na terça-feira (18) nos reuniremos em assembleia nossa e a ideia é propor greve unificada já a partir desse dia”, informa.

Aposentados

A mobilização dos aposentados em Porto Alegre ganhou destaque com a vigília iniciada na terça-feira (4) na Praça da Matriz, em protesto também contra o corte de salários dos servidores estaduais. Com previsão de manter este acampamento até o fim desta semana, o Sindicaixa segue presente neste importante movimento apoiando a ação deste setor que também sofre as consequências dos governos estadual e federal.

A organização no interior do Estado

Servidores estaduais realizaram uma manifestação em Pelotas, na “esquina democrática”, e contou com centenas de manifestantes. Nos próximos dias ações devem ocorrer em Santa Maria e Santana do Livramento.

Dia da Indignação

Nesta segunda-feira (3) o estado do Rio Grande do Sul parou. Servidores públicos e outras categorias mostraram a voz e disposição de luta contra as medidas do governo Sartori, batizando o início da semana como o Dia da Indignação.

Professores, funcionários de escolas, da segurança pública e de várias outras entidades ocuparam o CAFF – Centro Administrativo Fernando Ferreira (prédio que congrega maior parte das secretarias do governo estadual)- e há sinais consistentes de que a mobilização deve seguir adiante e com mais adesão e força, com a possibilidade de mais paralisações. “No dia 18 de agosto irá acontecer Assembleia Geral Unificada do funcionalismo público, e será colocada em votação a greve geral. É muito possível que seja aprovada”, afirma Vera Guasso, diretora do Sindppd-RS (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados no estado do RS), filiado à CSP-Conlutas.

Os trabalhadores em educação tiveram participação de peso nas mobilizações deste dia 3/7, com adesão ampla do magistério e envolvimento direto com a categoria. A professora Neida Oliveira, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, relata que até o dia 18 de agosto, data da Assembleia Geral Unificada, “acontecerão atividades com estudantes e a comunidade escolar, e que enquanto houver parcelamento do salário, o tempo de trabalho será reduzido”. Os professores estão orientados a trabalhar meio período, até o horário do intervalo das aulas. Neida relata que os servidores, que recebem os salários via Banrisul, sofreram os descontos antecipadamente, e recolheram valores baixíssimos em torno de R$ 100, R$200.

Leia também: Com salários parcelados, servidores ficam indignados com oferta de empréstimo pelo Banrisul – Banco confirma que enviou SMS com a proposta aos servidores atingidos pela medida

“O governador Sartori quer que os trabalhadores paguem pela crise. Arrocha e parcela salários, ataca direitos e desrespeita os servidores públicos. A marca deste governo é a destruição e o caos no Rio Grande do Sul. Se trata de um governo que não tem nenhum compromisso com o serviço público e com a população”, ressalta Rejane Oliveira, do Movimento de Luta Socialista (MLS).

O governador Sartori, após reunião de mais de três horas com membros do Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria Pública, Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça, anunciou para a imprensa que um grupo de trabalho será criado com dois representantes de cada órgão para buscar soluções à crise financeira do Estado, mas evitou falar sobre o salário dos servidores referente ao mês de agosto.

“É preciso enfraquecer e derrotar o governo, para barrar seus ataques ou ele continuará parcelando nosso salário e sua próxima investida será nosso plano de carreira. Precisamos decidir quem será derrotado nesta conjuntura. O governo ou os trabalhadores”, conclui Rejane.

Rodoviários e segurança pública também paralisam atividades

Em Porto Alegre, os trabalhadores da Carris também cruzaram os braços neste dia de mobilizações, e os veículos não saíram das garagens. Em assembleia realizada durante a manhã, os servidores optaram por manter a paralisação de 383 veículos que atenderiam 29 linhas.

Policiais civis tiveram atividades restringidas e atenderam somente a flagrantes e crimes graves. Sindicatos da categoria informaram que delegados de polícia decidiram suspender operações menos graves até o pagamento integral do salário do mês de julho.

Cerca de 30 mulheres de policiais militares estiveram em frente ao 9º Batalhão da Brigada Militar, principal quartel da região central da cidade, e protestaram contra o atraso salarial.

Diante dessa insegurança, o funcionamento dos bancos variou conforme orientação de cada agência.

Foto: Matheus Gomes e Sindicaixa

Fonte: CSP-Conlutas