Insegurança no trabalho: Petrobrás tem 350 registros de mortes em 14 anos
Foto: Petrobras

Na última quinta-feira, dia 05 de fevereiro, foi enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro, o corpo do Técnico de Operações da Petrobrás, Luis Augusto Cabral de Moraes.

O clima de tristeza e comoção dos familiares e amigos obteve o apoio dos petroleiros, todos consternados por um acidente fatal que levou um trabalhador de maneira tão estúpida.
 
Cabral havia desaparecido, durante seu turno na Refinaria Duque de Caxias, a Reduc. Após uma busca na área industrial do setor de movimentação de lubrificantes, foi verificado que o TQ-7510, que continha asfaltado, estava com um grande furo no teto e marcas de mãos, próximo ao passadiço. Saiba mais na matéria “Corpo de trabalhador é encontrado em tanque na Reduc“.
 
Após um período de 40 horas entre o desaparecimento e a drenagem do tanque, o corpo do petroleiro foi retirado e encaminhado para reconhecimento no IML de Duque de Caxias.
 
A demora na drenagem se deveu ao tamanho do tanque e a vazão pequena das bombas de drenagem. Com a demora, o clima entre os trabalhadores foi de muita tristeza ao longo de toda a semana na Reduc. Na manhã da quarta-feira o Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias realizou um ato com atraso de 3 horas de protesto contra a política de segurança da Petrobrás que causou mais de 350 mortes nos últimos 14 anos.
 
As informações sobre o TQ-7510 que tem chegado às entidades representativas dos trabalhadores é que o teto do tanque estava com uma espessura muito pequena, necessitando de reparos urgentes. A diretoria da Petrobrás, em função da política de contenção de custos da companhia, tem reduzido o pessoal em todas as áreas, inclusive as operacionais. Os contratos de manutenção e o pessoal que permanece não dão conta dos inúmeros problemas detectados pelos petroleiros.
 
As notas de manutenção solicitadas têm sido canceladas, agravando o quadro de insegurança dos trabalhadores. A Petrobrás passa hoje por um período de sucateamento de suas unidades somente comparável com a década de 1990-2000, durante o governo FHC.
 
Segundo fontes de dentro da Reduc, foram canceladas cerca de 600 notas de manutenção recentemente, sendo que a justificativa gerencial não tem convencido nem os trabalhadores, nem o sindicato. Segundo Ronaldo Tedesco, diretor da AEPET e Técnico de Operação da Reduc, há um clima de muita revolta entre os petroleiros: ” O ato da quarta-feira (04 de fevereiro), chamado pelo sindicato, teve a presença de trabalhadores de muitas outras bases, de norte a sul do Brasil, unindo as duas federações petroleiras – FUP e FNP – e todos os sindicatos petroleiros em torno da questão de nossa segurança. Há muita tristeza, por que Cabral era um dos nossos, um lutador, um guerreiro, que até o fim esteve conosco combatendo estes problemas. Ele e todos nós somos vítimas de uma visão empresarial que coloca a Petrobrás como uma das petroleiras no mundo que mais acidentes tem tido. Nem a atual administração da Petrobrás nem o atual governo federal poderiam pensar numa Petrobrás com este grau de risco para os trabalhadores. O acidente não foi uma fatalidade. Foi um verdadeiro crime por que os gerentes da Reduc menosprezaram a vida do nosso companheiro”.
 
A Cipa da REDUC aprovou uma investigação independente do ocorrido. Segundo informações de fontes na Reduc, já estão acontecendo diversos empecilhos para que esta investigação da Cipa seja eficaz. A Petrobrás também criou um GT de análise com a participação de cipista e do sindicato.
 
Fonte: CSP-Conlutas Via Sindipetro-LP