II Etapa do curso de formação política da Adusb debateu a superação do machismo

Com forte protagonismo das mulheres, a II Etapa do Curso de Formação Política e Sindical da Adusb, ocorrida no dia 15 de março, foi marcada por qualificada análise de conjuntura. O evento contou com a participação do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento Mulheres em Luta (MML) e do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM). A atividade debateu a crise política brasileira e sua relação com a crise do capital e a retirada de direitos, sobretudo das mulheres trabalhadoras.

A superação do capitalismo como premissa para o fim do machismo foram pontos destacados por Janaína dos Reis, diretora nacional do MML e diretoria regional da CSP-Conlutas em São José dos Campos. Janaína ressaltou como o direito ao aborto, hoje negado pelo estado brasileiro, foi conquistado na revolução socialista de 1917. É importante lembrar que isso ocorreu há quase um século e hoje, poucos países capitalistas conseguiram adotar essa política.

Mara Almeida, diretora regional do MPA, relembrou as dificuldades que as mulheres enfrentam para se tornarem lideranças nos movimentos sociais e as violências sofridas por elas. Segundo Mara, existem hoje 58 milhões de mulheres vivendo no campo. Elas são as responsáveis por mais da metade do que é produzido no Brasil, mas continuam em situação de desigualdade social, política e econômica.

Para Carolina Lopes, secretária política nacional do Coletivo Ana Montenegro, a superação do machismo necessita da participação dos homens e superação do sistema econômico vigente. A sociedade atual é baseada na exploração e opressão, seja de classe, de etnia, de gênero e outras tantas formas.

A naturalização das diversas formas de violência por questão de gênero nos ambientes de trabalho e no meio acadêmico também foi debatida. Ainda hoje, mulheres têm sua fala cerceada, são assediadas moral e sexualmente.

As políticas adotadas pelo governo do Partido dos Trabalhadores também foram discutidas. Apesar de possuir uma mulher na presidência e compor um partido que se rotula como esquerda, os avanços para as mulheres foram insuficientes. O aborto ainda não foi legalizado e políticas repressoras tramitam pelo Congresso Nacional. O Estado ainda não conseguiu garantir uma rede qualificada que dê suporte as mulheres obrigando-as a voltarem para ambientes em que são violentadas e agredidas.