Reforma agrária é debatida pela comunidade acadêmica em curso da Adusb

A terceira etapa do I Curso de Formação Política e Sindical da Adusb, realizada no dia 26 de abril, mais uma vez contou com grande participação da comunidade universitária e movimentos sociais de Vitória da Conquista. Dessa vez as discussões giraram em todo da necessidade de reforma agrária no Brasil e a violência no campo. O debate foi conduzido por Márcio Zonta (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e Diacísio Leite (Comissão Pastoral da Terra).

Segundo Márcio Zonta, a morte dos 21 militantes do MST na curva do “S”, em abril de 1996 pela Polícia Militar do Pará, bem como o massacre em Quedas do Iguaçu no mês passado são símbolos da inexistência de uma política de reforma agrária no Brasil. “As elites escolheram o extermínio dos camponeses para impedir a luta pela terra”, afirmou Márcio Zonta. O representante defendeu ainda que o governo Dilma não resolveu os problemas dos trabalhadores do campo, inclusive assentou menos famílias que o governo Fernando Henrique Cardoso.

A CPT apresentou os dados do “Caderno de Conflitos no Campo 2015”, estudo realizado pela entidade há mais de três décadas, o qual reúne informações sobre os conflitos de terra, trabalhistas, pela água e outros. Em 2015 foram 47 assassinatos, o maior número desde 2006. As ocorrências estão concentradas principalmente na região da Amazônia Legal. Contudo, a Bahia faz parte desse cenário, como ocorrido no Quilombo Rio dos Macacos, em que a população é atacada pela Marinha do Brasil, além do assassinato de um militante do MST na região de Vitória da Conquista.

Tanto o MST quanto a CPT ressaltaram as enormes dificuldades da luta pela terra, principalmente no que se refere à criminalização dos movimentos sociais. A reforma agrária como justiça social, o poder da bancada ruralista do Congresso Nacional, a modificação da lei de propriedade de terra para comunidades tradicionais e o debate sobre a abordagem do campo na academia foram alguns dos pontos discutidos pelos presentes. Ficou claro na exposição do MST e CPT que, do Governo Fernando Henrique Cardoso ao de Dilma Rousseff, não foi implementada a política de Reforma Agrária e a violência estatal contra as lutas no campo se intensificaram.