NOTA DE REPUDIO AO ESTUPRO SOFRIDO POR JOVEM NO RIO DE JANEIRO E À TODA FORMA DE VIOLÊNCIA À MULHER

Por Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Dia 25 de maio uma adolescente de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens e meninos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Não bastasse ter seu corpo violentado sem consentimento, alguns dos estupradores publicaram vídeos e fotos do crime na internet. Todos os dias, em todos lugares do mundo e em vários períodos históricos da humanidade, mulheres foram estupradas e violentadas sistematicamente.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro vem a público por meio dessa nota repudiar esse ato, assim todos os golpes que cotidianamente são desferidos contra nós, mulheres trabalhadoras. O sistema capitalista, ao longo de seu processo de acirramento das relações sociais de classe, desenvolveu e aperfeiçoou técnicas de controle do corpo da classe trabalhadora. Sendo a mulher o sujeito mais oprimido e explorado dessa relação, coube ao corpo dela a total submissão no regime do capital. Ainda em acordo com essa perspectiva dada pelo capital com relação ao corpo feminino, é possível destacar também a ideia de sexualização que se imprimiu sobre ele. A exposição feminina como objeto de fetiche e sexualidade criou um culto à pornografia. Essa cultura, portanto, sexualizada e violenta, que vende mais à anunciantes de televisão e rende muito lucro aos detentores dos meios de produção, tem por principal caraterística sofisticar o processo pelo qual tudo que nos cerca se torna mercadoria, incluindo aí a capacidade humana de trabalhar e produzir, retirando dos corpos, em especial das mulheres, sua autonomia. Segundos estatísticas veiculadas na imprensa essa semana, ocorre um estupro no Brasil a cada 11 minutos. Outro dado importante é que, de acordo com a última pesquisa feita pelo IPEA, datada de 2014 mas tão atual, mais da metade da população acredita que a culpa do estupro é das próprias vítimas que ao usarem roupas curtas estão chamando a atenção e dando aval aos agressores.

A história de luta das mulheres trabalhadoras é extensa, e sem precisar citar nossas percurssoras sabemos que todos os dias Marias, Anas, Joanas, Brunas, Alexandras constroem com seus corpos a resistência que precisamos para que a luta nos leve ao fim, à emancipação da humanidade, e principalmente, a emancipação sobre nossos corpos. Sabemos que, principalmente nesse momento histórico que atravessamos no Brasil, cada vez mais esses mecanismos de controle buscarão nos colocar em casa, no espaço privado, como belas, recatadas e do lar. É perigoso para o Capital mulheres que se rebelam, e nossa beleza está em dizer que não, não vamos nos calar. Devemos ocupar cada espaço público, cada lugar de luta, devemos nos indignar e levantar. Por todas nós, pela classe trabalhadora e por um mundo enfim, livre.