Por que apoiamos as ocupações?
Ato público realizado no dia 11 de novembro em Vitória da Conquista

O recrudescimento da extrema direita e a destruição de direitos sociais são duas tendências articuladas que se aprofundaram recentemente no Brasil. Diante da crise econômica, a grande imprensa - monopolizada por grupos poderosos e ao seu serviço - massifica a ideia de que o Estado está endividado e que somente um “remédio amargo” fará as coisas voltarem à normalidade. No entanto, não diz que este “remédio amargo” veio para ficar e será tomado apenas pela classe média, pelos mais pobres e pelos trabalhadores em geral. Muitos sofrerão para que os 0,3% mais ricos continuem mantendo seus privilégios e lucros astronômicos. São estes 0,3% e seus representantes no Congresso Nacional e no Governo Federal que impõem sacrifício para o resto da população, na medida em que congelam os investimentos públicos em Saúde e Educação por 20 anos, retirando direitos sociais conquistados após décadas de muitas lutas.

Ao passo em que se congelam investimentos em saúde, educação, proteção social e se retiram direitos trabalhistas da população, não se corta um centavo do pagamento de juros de uma dívida pública espúria e fraudulenta, cujo sistema consiste em sugar o esforço da maioria dos brasileiros para irrigar a bonança de pouquíssimos. Muito pelo contrário! Os recursos destinados ao pagamento de serviços da dívida aumentarão.

Os meios de comunicação não divulgam que quase metade do Orçamento da União está comprometido com juros e amortizações de uma dívida, que deveria ser auditada, conforme previsto na Constituição brasileira. Também não informam que menos de 8% desse mesmo orçamento é investido em áreas essenciais. Então, por que economizar onde menos se gasta e mais é preciso investir? Com a PEC 55 (Antiga PEC 241), em vinte anos, o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população do Brasil serão reduzidos e retrocederão ao patamar de países com baixíssimo nível de desenvolvimento humano.

Apesar de vários setores da sociedade denunciarem o atual desmonte do Estado, pairava no Brasil o silêncio e a apatia, sob o peso de uma grande imprensa que mente e oculta a realidade econômica e o quanto somos um país rico e abundante, expropriado por políticos corruptos, empresários e banqueiros. No entanto, quando muitos já não mais acreditavam na resistência, meninos e meninas começaram a protestar contra as medidas de um Governo ilegítimo, apoiado por um Congresso Nacional majoritariamente formado por corruptos que usurpam o país cotidianamente. As/Os estudantes se organizaram e passaram a ocupar escolas no Paraná. Um facho tão forte, tão potente, tão inesperado, que irradiou pelos quatro cantos do nosso imenso país. As ocupações cresceram, se espalharam por diversos Estados e hoje é o movimento mais poderoso que temos na resistência contra o seletivo e cruel ajuste fiscal, a autoritária  reforma do ensino médio, o crescimento do fundamentalismo religioso e as práticas fascistas que incitam o ódio. As ocupações reforçaram o ânimo e a esperança de que podemos barrar este processo de destruição dos direitos sociais no Brasil e o avanço das forças reacionárias.

E por falar em reacionários, poderosos grupos econômicos e meios de comunicação ao seu serviço, que atacam e buscam desqualificar meninas e meninos que ocupam as escolas de forma legítima, fiquem atentos aos sinais. Os/As estudantes, para a frustação de muitos, se organizaram para defender seus direitos, de forma independente, autônoma, forte e livre. Talvez pareça pouco verossímil para quem não conhece a marcha da História, mas o ritmo das transformações sociais não é controlado por um relógio de ponto e sim pela dinâmica entre forças antagônicas que podem imprimir-lhe uma velocidade incontrolável.

As escolas estão ocupadas por jovens que lutam por um futuro melhor! São estudantes que conhecem seus direitos e não estão dispostos a ceder nem mais um milímetro para racistas, sexistas, machistas, homofóbicos e ricos que sempre expropriaram o Brasil.

É por tudo isto que apoiamos as ocupações e convidamos todas e todos a fazer o mesmo! Vamos ocupar o que é nosso, criar uma rede de solidariedade e resistência, para impedir que o ilegítimo governo Temer e seu Congresso de corruptos tirem o direito a uma vida digna e justa daqueles que trabalham e produzem a riqueza deste país.

Fonte: Adusb