Docentes repudiam atuação do Exército no Rio de Janeiro

Docentes que atuam na base da Associação dos Docentes e Profissionais do Ensino a Distância do Rio de Janeiro (Adopead - Seção Sindical do ANDES-SN), da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (AdurRJ- SSind),da Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Asduerj-SSind), e moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro divulgaram na segunda-feira (26) uma nota de repúdio à atuação do Exército durante a Intervenção Militar no Rio de Janeiro.

De acordo com o documento, a atuação do Exército reforça a segregação de classes e a segregação racial no Rio de Janeiro e que “o ir e vir de moradores está à mercê da fiscalização de militares que ocupam as comunidades da Vila Kennedy (VK) e entorno". A nota ressalta ainda o fato de trabalhadoras e trabalhadores destas comunidades estarem sendo parados e fotografados com seus documentos de identificação, "claramente numa política de "fichar" moradores/as muito semelhante ao que se sucedeu durante o regime nazista na Polônia”.

“O que deve ser denunciado é que este fato tem acrescentado elementos racistas e degradantes a quem mora nas comunidades da Zona Oeste, tanto pela própria forma como são tratadas(os), através do fichamento, mas também sua a exposição, que reforça uma postura racista estereotipada da classe média aburguesada e da elite sobre essa camada da população carioca. Ambas aplaudem a militarização da vida de crianças, jovens, mulheres, majoritariamente negros e negras, das periferias”, completam os docentes da base do ANDES-SN.

Na quarta-feira (21/02), movimentos sociais, entidades de trabalhadores e de estudantes se reuniram no Sindicato dos Profissionais em Educação (Sepe-RJ), para discutir a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, de caráter militar, anunciada pelo Governo Federal. O objetivo foi pensar em estratégias para, de forma conjunta, se contrapor a essa medida. A reunião foi convocada pela Secretaria Regional do RJ do ANDES-SN e reuniu cerca de 60 pessoas, com representação de diversos sindicatos, trabalhadores, estudantes e organizações de esquerda. Os presentes foram unânimes quanto à necessidade de serem contrárias à intervenção.

Outras entidades criticam fichamento de moradores na periferia


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro e a Defensoria Pública fluminense também se manifestaram contra o fichamento de moradores de comunidades fluminenses por militares durante a intervenção na segurança pública. Para as entidades, a medida viola a Constituição.

A Associação Juízes para a Democracia, a Federação de Favelas do Rio e o Conselho Nacional de Direitos Humanos também se posicionaram de forma contrária à intervenção militar e ao fichamento de moradores da periferia. A OAB-RJ, em conjunto com o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), também criou grupos para fiscalizar as ações dos militares no Rio de Janeiro.

 

Fonte: Andes - SN