Mulheres vão às ruas contra a violência, o machismo e os ataques dos governos

Neste dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, as mulheres de todo o país saem às ruas para protestar contras as desigualdades e a violência de gênero, contra o recrudescimento do conservadorismo no mundo todo e, em especial, contra as reformas que atingem em cheio a população feminina do país. O ANDES-SN, por meio da Circular 31/18, reafirmou a importância de participação da categoria docente nas mobilizações deste dia 8 de março.

No Rio de Janeiro, as seções sindicais o ANDES-SN participarão do ato em protesto que terá início às 16h, na Cinelândia, região central da capital. Em Niterói, uma das concentrações para ida conjunta ao ato será na Praça Araribóia, às 15h, quando haverá um lanche colaborativo antes de seguir para a manifestação que dirá não à intervenção federal, à reforma da previdência e às formas de violência.

Mais cedo, cerca de 800 mulheres de diversos movimentos populares realizaram, um protesto no parque gráfico das organizações Globo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde estenderam uma enorme faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”.

Em Goiás, manifestantes ocuparam na quarta-feira (7) a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para reforçar direitos da mulher camponesa, conscientizar sobre os direitos da mulher, luta por combate ao feminicídio e a Reforma da Previdência.  Na manhã desta quinta, as mulheres da ocupação se dirigiram à Avenida Anhanguera, no centro da capital para somar com o ato público do Dia Internacional da Mulher.

Em São Paulo, o ato organizado pela CSP-Conlutas será independente dos patrões e dos governos e acontece no Theatro Municipal, com concentração a partir das 15h e saída às 17h. Estão previstas caravanas de mulheres do campo, vindas do interior de São Paulo, assim como operárias de São José dos Campos e região. Na Ufabc, como no ano anterior, as mulheres que compõem a Universidade se uniram para realizar uma semana especial. Desde o dia 6 , os campi de São Bernardo do Campo e Santo André contam com apresentações, mesas, rodas de conversa e, acima de tudo, um ambiente para valorizar e expor as grandes mulheres que estruturam a universidade. Nesta quinta-feira (8), a comunidade acadêmica participou do ato “Por Direitos, Democracia e Soberania. Aposentadoria fica! Temer sai!", com concentração na praça Lauro Gomes e caminhada até a Matriz em São Bernardo do Campo.

Na manhã dessa quinta (8), Mulheres Sem Terra e da Marcha Mundial das Mulheres, ocuparam e paralisaram a produção da empresa do Grupo Guararapes, em Extremoz (RN). Cerca de 800 mulheres, vindas de vários municípios do estado que, com muita ousadia, denunciaram a articulação empresarial que patrocina o conjunto de ataques à classe trabalhadora. O Grupo é dono da marca Riachuelo, que recentemente foi denunciada por submeter seus trabalhadores e trabalhadoras a condições análogas à escravidão. Em Natal (RN), as atividades referentes ao Dia Internacional da Mulheres iniciaram no dia 7, quarta-feira, com o Encontro das Mulheres da UERN, com uma mesa de debate que teve como tema “Mulheres resistem nas universidades” e ato público em seguida na Praça do Pax. Nesta quinta (8), as docentes se unem às 18h na praça dos esportes.

No estado do Amazonas, em Manaus, a concentração irá ocorrer às 15h, na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), no Centro. Na Paraíba, a Aduepb iniciou uma campanha "Vítima de Feminicídio", em que conta as histórias de mulheres, docentes e estudantes da Uepb que foram vítimas de feminicídio.  Nas cidades de João Pessoa, Lagoa de Roça, Patos e Cajazeiras, as mulheres participaram pela manhã de uma marcha pela vida das mulheres, em defesa dos seus direitos e da democracia. No dia 9 de Março, no campus de Campina Grande ocorre a mesa redonda “O feminicídio e a violência doméstica”. No Piauí, a Seção Sindical do ANDES-SN na Uespi (Adcesp SSind.) fez um chamamento para a comunidade acadêmica da Uespi participar do ato público, às 16h, na av. Frei Serafim, em frente ao Hiper Bom Preço.

Em Santa Maria (RS), haverá manifestação a partir das 15h na Praça Saldanha Marinho. Em Pelotas (RS), mulheres representantes do grupo “Mulheres em Luta”, que congrega movimentos sociais, coletivos e entidades sindicais, dentre elas a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (ADUFPel-SSind), entregaram uma carta de reivindicações relacionada aos direitos da mulher para a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, no período da manhã. Às 17h inicia a concentração para a marcha, no Largo do Mercado Público.

Em Cuiabá (MT), a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN) organiza, às 19h, debate sobre “Capital Imperialismo e a Atual Conjuntura”, com a professora Virgínia Fontes, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em Brasília (DF) manifestação unificada tem concentração marcada para às 17h no Museu da República. Em Belém (PA) a concentração do ato será também às 17h, na Avenida Ceará em São Brás.

Outros países

A CSP-Conlutas fez o chamado para que mulheres e homens da classe trabalhadora construam um forte 8 de março. Diversas categorias confirmaram atos, atrasos na produção, paralisações e assembleias.

Até o momento, conforme página nas redes sociais que tem centralizado os eventos do dia, em ao menos 44 países devem ocorrer atos e greves, como Argentina, Alemanha, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Portugal, Turquia, Ucrânia, Venezuela e outros. Na Argentina a data marca a apresentação oficial de um projeto de lei que visa legalizar o aborto.

Na Espanha, o Dia Internacional da Mulher , começou marcado por uma série de greves parciais e manifestações em muitas cidades em favor de uma efetiva igualdade de direitos entre mulheres e homens.

Na França, atos devem ocorrer em Bordeaux, Lille, Lorient, Marselha, Paris, Toulouse e outros locais. A União Sindical Solidaires convocou as entidades a participarem das ações do 8M, declarando que esta não é uma data a ser “comemorada”, mas que é momento de lutar “pelos direitos das mulheres em convergência com todas as lutas, das mulheres de todo o mundo”.

Na Índia, em 2012, as mobilizações contra a violência sexual tiveram forte repercussão. Em 2016, as mulheres na Polônia se vestiram de preto e realizaram um dia de greve geral contra a criminalização do aborto. Em 2017, as mulheres na Coreia do Sul protestaram contra o endurecimento nas leis para médicos que realizavam abortos. No mesmo ano, na Argentina e em outros países da América Latina, incluindo o Brasil, ocorreram diversos atos contra o feminicídio e os ataques dos governos neoliberais. Nos Estados Unidos, a luta contra Trump e a marcha de mulheres no 8 de março, orientadas por importantes lideranças do movimento como Angela Davis e Nancy Fraser, ganhou importância histórica.

37º Congresso do ANDES-SN

Durante o 37º Congresso do ANDES-SN, realizado em janeiro de 2018 em Salvador (BA), os docentes deliberaram por lutar pela legalização do aborto, assim como pelo fortalecimento de oferta de políticas públicas de saúde direcionadas aos direitos sexuais e reprodutivos parar atender as mulheres. Além disso, irão intensificar a luta contra a PEC 181/15.

Definiram, também, que as seções sindicais, em articulação com movimentos, lutem nas instituições de ensino para criar espaços que recebam denúncias e acolham vítimas de assédio sexual e moral, de machismo, e de outras formas de opressão, assim como apurem as denúncias com transparência, entre outras deliberações.

Dossiê da Violência

O Instituto Patrícia Galvão publicou o Dossiê Violência contra as Mulheres, que reúne informações sistematizadas de dados oficiais e pesquisas de percepção sobre a realidade do problema no Brasil, e apontou números alarmantes. 1 estupro ocorre a cada 11 minutos, 1 mulher é assassinada a cada duas horas, 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora, ocorrem 5 espancamentos a cada 2 minutos.

Dia Internacional de Luta

O dia 8 de março foi fixado a partir de uma greve iniciada nessa data em 1917 (em 23 de fevereiro no calendário juliano), na Rússia. Uma manifestação organizada por tecelãs e costureiras de São Petersburgo foi o estopim da primeira fase da Revolução Russa. Militantes socialistas, como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, propuseram a construção de um dia internacional de luta das mulheres.

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Com informações das seções sindicais do ANDES-SN e CSP-Conlutas

Fonte: ANDES-SN