Música e poesia de resistência ocuparam o campus da Uesb, em Vitória da Conquista, na terça-feira (22). O Sarau UEBA Resistem fez parte das atividades da Semana Nacional de Lutas das IEES e IMES do ANDES-SN e do Fórum das ADs. Durante a programação, docentes e estudantes fizeram falas sobre a conjuntura política nacional, a indisposição do governo Rui Costa para negociar e os cortes orçamentários das Universidades Estaduais da Bahia. Houve também manifestações artísticas contra o machismo, o racismo e a lgbtfobia.
Pauta de reivindicações e contingenciamento
De acordo com o presidente da Adusb, Sérgio Barroso, “já protocolamos nossa pauta de reivindicações várias vezes e o governo não nos recebe”. O presidente apresentou os problemas que o movimento docente enfrenta como o congelamento salarial de mais de três anos e o desrespeito aos direitos trabalhistas. “Temos hoje cerca de 900 professores [nas Universidades Estaduais da Bahia] na fila esperando por promoções, progressões e mudanças de regime de trabalho”.
Além disso, o contingenciamento orçamentário de janeiro a maio alcançou R$ 6,9 milhões, 12% do orçamento total de manutenção, investimento e custeio de 2018, conforme informações da Assessoria de Planejamento e Finanças da Uesb (Asplan). A situação afeta todo funcionamento da Universidade. “Nós estamos aqui sem editais com financiamento interno de pesquisa desde 2014. Não tivemos em 2015, 2016, 2017 e em 2018 também não vamos ter. Os editais de extensão também estão prejudicados, pois só conseguimos executar apenas 50% do que foi aprovado. As políticas de permanência estudantil também estão prejudicadas”, apontou Sérgio Barroso.
Saiba mais sobre o contingenciamento na Uesb.
Intervenções
Obras de artistas como Tom Zé, Nina Rosa, Chico Buarque e Elis Regina foram apresentadas durante as intervenções. Professores e estudantes também declamaram poesias de resistência da classe trabalhadora criada por lutadores do campo e da cidade. A cantora Narjara Paiva, com seu repertório diverso, trouxe clássicos da música popular brasileira.
Trecho de “A gente se quebra” - Gustavo Di Lorenzo
De restinho em restinho
Seremos capazes
De desmontar
As mãos invisíveis
Que diariamente
Calculadamente
Lucrativamente
Historicamente
Nos quebram
A gente se quebra
Mas de restinho em restinho
Seremos capazes
De construir a luta
Para que os próximos
Para que os que vierem
Vivam o tão sonhado
E distante privilégio
De serem inteiros