Incêndio no Museu Nacional, no RJ, não foi fatalidade. Era tragédia anunciada com descaso dos governos

A perda é incalculável. O Museu Nacional no Rio de Janeiro, o mais antigo do país, detentor do quinto maior acervo do mundo, foi consumido pelo fogo iniciado por volta das 19h deste domingo (2). Ainda não se tem dimensão do quanto realmente se perdeu dos mais de 20 milhões de itens guardados no local, mas é certo o prejuízo imensurável ocorrido.

Desde a noite de ontem, o país assistiu atônito as chamas consumirem o prédio e o que havia dentro. A instituição fundada por Dom João 6° em 1818 tinha acabado de completar 200 anos de existência no mês de maio e já há muito tempo era alvo de pedidos de socorro em razão do descaso com que era tratado.

São 200 anos de história, ciência, cultura e educação que literalmente viraram cinzas. Uma tragédia dessas proporções não tem como ser medida. Não há como repor o que foi perdido.

O local abrigava milhões de itens, alguns únicos do mundo, como o crânio de Luzia, a mais antiga moradora das Américas, fósseis de dinossauros, o maior acervo da cultura egípcia da América Latina, inclusive, com múmias ainda fechadas em sarcófagos, objetos do período imperial, artefatos de vários povos nativos do mundo, documentos, pesquisas etc.

Não se sabe ainda o que deu início ao incêndio, mas a má conservação do prédio era notória. Paredes em péssimas condições, fios de eletricidade desencapados, nenhum sistema de combate a incêndio existente. Servidores públicos, técnicos, professores, pesquisadores, todos denunciavam o descaso e abandono dos governos com o local.

A instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vinha sofrendo com os cortes orçamentários como toda área de educação, ciência e tecnologia no país. A penúria da UFRJ foi tema de várias manchetes na imprensa.

Segundo reportagem do G1, a instituição deveria receber um repasse anual de R$ 550 mil da UFRJ, que passa por uma crise financeira. Há três anos, o museu só tem recebido 60% deste valor, e não tinha recurso para pesquisa e manutenção e as áreas de exposição foram reduzidas. Em 2015, o Museu Nacional chegou a fechar as portas por causa do atraso dos repasses do governo federal, os serviços foram interrompidos por falta de pagamento a funcionários.

Governos são responsáveis

Diante de tamanha tragédia, que teve repercussão mundial, o presidente Michel Temer e o prefeito Marcelo Crivella, entre outras autoridades, foram rápidos em soltar notas de pesar diante do ocorrido. Pura demagogia e hipocrisia.

“São as políticas de ajuste fiscal e cortes de investimentos aplicadas por Temer, Crivella e Pezão que sucatearam a UFRJ, o Museu Nacional, assim como a saúde, educação e outras áreas sociais no estado e no país”, denuncia a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Rita de Souza.

“A destruição do Museu Nacional atinge um acervo do conhecimento da humanidade que afeta a classe trabalhadora e seus filhos no seu cotidiano. O local era fonte de cultura e lazer para milhares de jovens, de pesquisa para estudantes. Uma fonte de cultura de fácil acesso para a classe trabalhadora”, afirmou.

A CSP-Conlutas se solidariza com os trabalhadores do Museu Nacional e da UFRJ, técnicos, professores, pesquisadores e com todos aqueles que estão consternados com esse incêndio.

Atos já estão sendo programados para denunciar o descaso dos governos e a falta de recursos para a educação, ciência e tecnologia no país. E este é o caminho. É preciso ir à luta contra a política de ajuste fiscal, que tira dinheiro de áreas sociais para desviar para o pagamento da Dívida Pública a banqueiros.

Pela revogação da Emenda Constitucional (EC) 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos.

Fora Temer e todos os corruptos!

Fonte: CSP-Conlutas