NOTA DA ADUSB SOBRE DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR RUI COSTA
Ato público na Assembleia Legislativa da Bahia no dia 7 de maio de 2019.

Em entrevista à Rádio Metrópole na manhã desta segunda-feira (20), o governador Rui Costa (PT) demonstrou mais uma vez o seu desconhecimento sobre a realidade das Universidades baianas e de seus professores e professoras. Do mesmo modo como ignorou as tentativas de abertura de diálogo por parte do movimento docente desde 2015, o governador da Bahia preferiu, durante a entrevista a Mário Kertész, também ignorar o corte de R$ 110 milhões das Universidades Estaduais da Bahia (UEBA) ocorrida em dois anos, os 4 anos sem concessão de reajuste salarial aos professores/as e os constantes ataques aos direitos trabalhistas.

A Associação dos Docentes da UESB (ADUSB) rechaça a afirmação do governador de que existe “partidarização” do movimento grevista. O único partido que tomamos é o da defesa dos direitos trabalhistas e da Educação Superior Pública de qualidade. Nesse sentido, ao afirmar que “a greve começou antes da primeira reunião de negociação”, Rui Costa se esquece que, além das pautas protocoladas desde 2015, sem resposta do governo, nosso indicativo de greve foi aprovado em julho de 2017, tempo suficiente para que uma mesa de negociação fosse aberta.

Ainda na mesma entrevista, o governador Rui Costa cita a Universidade de Milão como um exemplo a ser seguido. Contraditoriamente, este é o mesmo governador que precariza as universidades baianas, cortando parte do orçamento que poderia ser revertido a projetos de pesquisa e extensão. O mesmo governador que ataca o Estatuto do Magistério Superior – uma conquista histórica do movimento docente! – e deixa de informar à população que um professor universitário, além das atividades em sala de aula, é responsável por coordenar ou colaborar com projetos de pesquisa, extensão, atividades de administração acadêmica, preparação de materiais de aula, correções de trabalhos e provas, orientações de alunos etc.

O governador, em sua fala, tenta desqualificar a categoria docente, nos colocando como privilegiados que, supostamente à custa do sacrifício das demais categorias, ganham salário médio de R$ 14.000,00. Um professor doutor em início de carreira recebe hoje, líquidos, R$ 5.771,28. Isso depois de, pelo menos, mais de 10 anos de estudos, entre graduação e pós-graduação. A jornada de trabalho é de quarenta horas (40h). Não é de doze horas (12h) e, muito menos, de oito horas (8h), como pretende o governador em sua fala. São essas 40h que o professor deve distribuir entre as atividades em sala de aula na graduação e pós-graduação, projetos de pesquisa, extensão, de administração acadêmica, preparação de materiais de aula, correções de trabalhos e provas, orientações de alunos de graduação e de pós-graduação, entre outras atividades. Não podemos ser responsabilizados pela situação salarial das demais categorias. Não somos nós que determinamos a política salarial do Estado. O congelamento salarial é de responsabilidade do governo, não nossa. Trabalhamos honestamente e não podemos, para que o governo possa manter sua política de ajuste fiscal, ter vergonha de lutar contra a política de arrocho salarial do governo! Seguiremos lutando pela valorização do trabalho docente. Até quando vamos esperar, com os salários congelados? Mais quatro anos? Mais oito? Não governador, não vamos aceitar essa responsabilidade!

Voltando à Universidade de Milão, com um governador assim, fica mesmo difícil alcançar padrões internacionais sem uma política séria de valorização do ensino superior e da carreira docente. Mesmo assim, temos feito nosso trabalho com qualidade. Não é à toa que as Universidades Estaduais são as responsáveis pela interiorização da educação superior na Bahia e possuem papel fundamental no desenvolvimento econômico, científico e cultural em nosso Estado. Não nos deixaremos intimidar pelo autoritarismo do governo Rui Costa. Seguiremos lutando por uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada!

#tábarril

#negociaRui

#chegademigué

#grevedasUEBA

 

Comando de Greve e Diretoria da ADUSB