Comunidade acadêmica protesta contra o assédio na Uesb

Estudantes, professores e movimentos sociais estiveram juntos na sexta-feira (25) em um protesto contra os assédios moral e sexual na Uesb. A manifestação aconteceu em frente a Biblioteca Central, campus de Vitória da Conquista, e foi motivada por uma denúncia feita por uma estudante. Foi cobrada posição da Universidade sobre esse e outros casos, bem como um programa institucional efetivo de combate a estas violências.

Uma estudante do curso de geografia denunciou que foi assediada por um colega durante uma aula de campo no dia 19 de outubro. A Uesb não fez pronunciamento oficial sobre o caso.

Na avaliação de Sandra Ramos, membro do Grupo de Trabalho de Política de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adusb (GTPCEGDS), “esses casos de assédio ficam muitas vezes impunes porque chegam ao departamento e muitas vezes não saem de lá. A pessoa sofre o assédio, sofre a violência e não consegue levar [a denúncia] adiante. Temos uma ouvidoria que não tem funcionado. A Uesb precisa de políticas institucionais de combate às opressões”. A professora também lembrou que o combate ao assédio faz parte da pauta de reivindicações do movimento docente.

Thaís Oliveira, representante do Diretório Central dos Estudantes da Uesb (DCE), contou que inúmeros casos de assédio são relatados por estudantes, mas que a universidade não toma as providências cabíveis. “A gente tem caso de quando a gente assumiu a gestão, o caso de história, que até hoje a gente não teve resposta. Não existe sequer uma orientação para os colegiados, departamentos de como proceder. Teve denúncia que calou no departamento porque não foi encaminhada”, denunciou.  

Diversas falas de participantes consideraram que o assédio é uma prática comum na Uesb. “O que mais a gente vê aqui é negro sofrendo racismo. É LGBT sofrendo LGBTfobia. É mulher sendo assediada em todos os níveis, seja na sala de aula, seja no corredor, em qualquer instância”, afirmou Talia Lima, membro do Centro Acadêmico de Geografia.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro defendeu a necessidade da presença dos homens na luta pelo combate aos assédios e o Coletivo LGBT Comunista sobre a importância do acolhimento das vítimas.

“Não vão nos silenciar. Não vão nos calar. Esta instituição precisa ter um posicionamento político de formação, que seja através de eventos, de atividades, de projetos de extensão, tem que fazer alguma coisa. Se a Uesb não é machista, se a Uesb não é misógina, se a Uesb não é racista, ela precisa se posicionar”, cobrou Keu Souza, integrante do Coletivo Obá Elékó, que convocou o protesto.

Durante a atividade, o GTPCEGDS distribuiu a cartilha da Adusb de combate aos assédios. Motivado pela ausência de uma política institucional de combate ao assédio, o GTPCEGDS-Adusb, após dialogar com a comunidade em atividades realizadas nos últimos para debater as formas de combater o assédio, elaborou a cartilha, como parte das diversas ações que a Adusb vem adotando nessa frente de luta. A cartilha orienta a comunidade acadêmica sobre os passos a serem dados em casos deste tipo de violência.

Soraya Adorno, presidente da Adusb, ressaltou que “a proposta da cartilha é que ela vá além de dizer do que se trata o assédio sexual, do que se trata o assédio moral. Mas principalmente dar demonstrações de que a culpa não é sua, a culpa não é da pessoa assediada e que existem meios para acabar, para coibir o processo de assédio”.

Confira a cartilha aqui.