Petroleiros baianos fortalecem a Greve Nacional
Ato público realizado na sede da Petrobras em Salvador na quarta-feira (19) | Foto: Sindipetro-BA

A greve dos petroleiros entra na terceira semana pelo respeito aos direitos trabalhistas e contra o projeto de privatização da Petrobras. Petroleiros baianos mantêm uma forte mobilização, inclusive com a paralisação da primeira refinaria nacional de petróleo, a Landulpho Alves, terminais de distribuição nas cidades de Jequié, Itabuna, Madre de Deus, Candeias, dentre outras unidades do Sistema Petrobras.

O diretor de imprensa do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), Radiovaldo Costa, ressalta que o sindicato tem mantido os bloqueios e feito assembleias com os trabalhadores para fortalecer a paralisação nacional, pois a Petrobras “não tem vindo para a mesa de negociação atender a nossa pauta”. A categoria reivindica o cumprimento do acordo coletivo de trabalho assinado em novembro de 2019, desrespeitado sistematicamente pela empresa. Lutam pelo fim das transferências realizadas de forma intransigente, do processo de privatização, suspensão imediata do programa de demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, que pode atingir mil trabalhadores, e a mudança da política de preços dos combustíveis.

Petroleiros baianos promovem mobilização com abastecimento a preço justo para a população em Salvador

Na avaliação da integrante da Executiva da CSP-Conlutas na Bahia, Denise Carneiro, "os petroleiros estão confirmando sua história de luta em defesa do maior patrimônio nacional, como fizeram sempre que a Petrobras se viu ameaçada de ser entregue de bandeja para as petrolíferas internacionais. Precisamos evitar que nosso país seja roubado com aval e estímulo de quem deveria defendê-lo! Nesse momento, somos todos petroleiros”.

Petrobrás na Bahia

São cerca de 3,5 mil trabalhadores diretos e 11 mil terceirizados empregados pelo Sistema Petrobras na Bahia, com atuação em 22 municípios. Os terminais terrestres espalhados pelo interior do Estado correm risco de serem privatizados. Eles são responsáveis pelo escoamento dos derivados de petróleo produzidos na Refinaria Landulpho Alves, localizada na região metropolitana de Salvador. 

Um exemplo são os terminais de Itabuna e Jequié, que abastecem todo sul e sudoeste da Bahia, além do norte de Minas Gerais. Segundo Radiovaldo, esses terminais possuem “uma importância estratégica muito grande de poder permitir que derivados de petróleo possam alcançar as populações dessas cidades mais distantes, evitando o transporte de caminhões, de carretas, o que coloca um risco maior nas estradas e um custo adicional maior no transporte”.

O que a greve tem a ver com você?

O processo de privatização atingirá diretamente os trabalhadores com demissões e redução salarial, bem como os municípios de atuação. “Uma empresa privada não possui a mesma responsabilidade social e ambiental que uma empresa pública, como a Petrobras possui”, alerta o diretor de imprensa do Sindipetro-BA.

A população também sentirá no bolso os impactos. Radiovaldo assegura que “os preços praticados nesses produtos sofreriam um aumento significativo com a privatização da Petrobras, com a privatização das refinarias”, pois “a política de preços das empresas privadas costuma ser mais agressiva, na perspectiva de garantir maiores lucros”. Ou seja, gasolina, diesel e gás de cozinha poderão ficar ainda mais caros.

O diretor de comunicação da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb), Sérgio Barroso defende a Petrobras como patrimônio do povo brasileiro, que “não pode ser entregue ao capital, numa política de privatização que começou em governos anteriores e continua com força agora no governo Bolsonaro. Os efeitos terríveis para a população da atual política de preços dos combustíveis mostram de que lado estão os interesses privatistas. O trabalhador brasileiro paga mais caro para que países estrangeiros possam praticar suas políticas de controle de preços dos combustíveis. Também não podemos aceitar os ataques ao direito de greve, que é um instrumento legítimo de luta dos trabalhadores e deve ser respeitado como tal. Todo apoio à greve dos petroleiros”.

A luta continua

A mobilização dos petroleiros na Bahia e no Brasil permanece forte, em resistência às políticas antissindicais, da truculência da Petrobras e da falta de negociação necessária. “Nossa greve é uma greve justa, legítima e necessária diante da conjuntura política que a gente vive atualmente”, defende o Radiovaldo. As atividades dos petroleiros baianos seguem paralisadas por tempo indeterminado.

 

Com informações e imagens do Sindipetro-BA