Por melhores condições e direitos, entregadores de aplicativos ‘brecam’ os serviços e protestam em diversos estados do país

Entregadores de aplicativos em todo o país realizaram um forte e importante dia de paralisação nesta quarta-feira, 1º de julho. O chamado “Dia do Breque” teve alcance nacional e denunciou a extrema exploração que sofre a categoria. A mobilização é um aviso de que os entregadores de aplicativos não aceitam mais passar jornadas exaustivas sem ter o mínimo de direitos, servindo para que empresas como Rappi, iFood, Loggi, Uber Eats, 99Food e James lucrem milhões à custa da vida e da dignidade desses trabalhadores.

Como parte do dia de luta, uma série de manifestações foram realizadas em diversas cidades em todo o país, como em Fortaleza (CE), Teresina (PI), Aracaju (SE), Salvador (BA), Campina Grande (PB), Vitória (ES), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), São José e Palhoça (SC), Floripa (SC), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Recife (PE), Marília (SP), Campinas (SP), Sorocaba (SP), Atibaia (SP), Ribeirão Preto (SP), Santo André (SP), Santos (SP), Belo Horizonte (MG), Sete Lagoas (MG), Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ) e em Brasília, Distrito Federal.

A organização da luta ganhou força a partir do excesso de trabalho com a pandemia e a superexploração aplicada pelas empresas. As manifestações contra Bolsonaro e por democracia permitiram também que grupos se organizassem, entre eles os Entregadores Antifascistas cujo líder, Paulo Lima, o Galo, foi entrevistado pela CSP-Conlutas recentemente.

A página Treta no Trampo nas redes sociais foi uma ponte para a organização nacional da categoria que reúne entregadores de motos e bicicletas.

Solidariedade de Classe – A paralisação chamou atenção em todo o país e recebeu apoio de outras categorias nas manifestações realizadas nas cidades e pelas redes sociais. Os operários da construção civil de Fortaleza (CE) enviaram um salve de uma obra – local de trabalho. Assim como de entidades, movimentos e organizações de esquerda.

São Paulo – A capital paulista, assim como outras cidades, ficou pequena para a carreata de entregadores de aplicativos que decidiram parar por melhores condições de trabalho e direitos.

A CSP-Conlutas e entidades filiadas, como Sintusp, Luta Popular, movimento estudantil apoiaram a manifestação e com faixas e cartazes engrossaram esse dia de luta.

O coordenador do Sindicato dos Metroviários Altino Prazeres, da CSP-Conlutas, cuja categoria também está em estado de greve por direitos manifestou apoio à manifestação. “Metroviários e os trabalhadores de aplicativos, todos juntos na mesma batalha para sobreviver e lutar por direitos”, salientou.

Irene Maestro, do Luta Popular, também se solidarizou com o ato que tomou as ruas da capital paulista. “Os trabalhadores de aplicativos sentem todos os dias a precarização no trabalho, por isso, estamos aqui para prestar apoio a essa luta nesse ato bonito e forte hoje aqui na Paulista e pela cidade toda”, reforçou.

Os trabalhadores, desde as primeiras horas da manhã, percorreram pontos estratégicos de São Paulo e pararam a cidade. O ato começou em bairros periféricos da cidade, com parada da Av. Paulista e finalização na ponte Estaiada. A cidade ficou totalmente ocupada pelos trabalhadores, que chamaram atenção da população para uma luta legítima.

Igor Caetano é um desses trabalhadores que realiza entregas pelos aplicativos Rappi, Uber Eats e iFood e relatou a dura batalha diária a que é submetido.

“A gente trabalha, entregando comida, e eles não dão almoço pra gente, trabalhamos passando fome, a gente roda 10 km para ganhar nove reais, se a gente cai de moto, eles não estão nem aí, e se a gente morrer, eles não colocam nem ‘luto’ no status deles, então, a gente tem que ir para rua para protestar mesmo”, salientou.

Ele mandou um recado para seus companheiros de trampo: “Olha rapaziada, a gente não pode desanimar e vamos pra cima desses caras porque somos nós que fazemos o Brasil girar, certo?”, concluiu.

Fortalecer jornada de julho – É importante que a força dessa mobilização fortaleça também a jornada de lutas que está marcada para os dias 10, 11 e 12 de julho pelo “Fora Bolsonaro. Impeachment, já”, organizada por uma ampla frente de organizações civis, partidos políticos, entidades, movimentos e personalidades.

Jornada da qual a CSP-Conlutas está participando e simultaneamente levantará suas bandeiras: “Em defesa da vida: Quarentena geral com garantia de emprego e renda digna para todos. Fora Bolsonaro e Mourão, já”.

CSP-Conlutas