Governo faz evento “vencendo a Covid”, ignorando os 115 mil mortos e a grave crise sanitária e social no país

O Brasil segue registrando uma média diária de 1 mil mortes por Covid-19 e não se vislumbra o arrefecimento da grave pandemia que tem agravado a cada dia a crise sanitária e social no país. Mas apesar dessa difícil realidade, cinicamente, o governo Bolsonaro realizou, nesta segunda-feira (24), o evento “Vencendo a Covid”.

Em seu discurso, Bolsonaro sequer teve a decência de fazer qualquer menção às quase 115 mil vítimas fatais pela Covid ou ainda que o total de contaminados já passou dos 3,6 milhões. Muito menos explicou porque o Ministério da Saúde segue com um ministro interino há mais de 100 dias e não aplicou o orçamento previsto no combate à Covid.

Mais uma vez, minimizou a gravidade da pandemia, lembrando que foi infectado e que seu “histórico de atleta” o favoreceu. E novamente atacou os jornalistas presentes à cerimônia. “Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor”, declarou.

A declaração ocorreu um dia depois de Bolsonaro ameaçar encher um jornalista de “porrada”, após o profissional simplesmente questionar sobre os mais do que suspeitos repasses de 27 cheques no valor de R$ 89 mil feito por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro.

A cínica cerimônia teve ainda novamente a defesa do uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid, mesmo o medicamento não tendo nenhuma eficácia comprovada para estes casos. Ao contrário, ser contraindicada por diversos organismos médicos dentro e fora do país, inclusive, por trazer risco de morte. Um grupo de médicos defensores da droga fez plateia para Bolsonaro.

O Brasil é o segundo no mundo em números absolutos de casos e mortes, atrás apenas dos Estados Unidos que têm quase 175 mil mortos e mais de 5,6 milhões de casos.

Esta semana, a OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou uma tendência de queda de novos casos nos países da América Latina. Contudo, alertou que no caso brasileiro a situação ainda é “incerta”. Segundo ele, o patamar onde teria se estabilizado a pandemia no país é “muito alta” e, para baixar os números, o governo terá de colocar “pressão sobre o vírus”. “Há muito trabalho pela frente ainda”, alertou.

A servidora estadual da saúde em Natal (RN) e dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes ressalta que a política genocida e de descaso de Bolsonaro é responsável por fazer com que a vida dos brasileiros siga à deriva e diante de um futuro incerto.

“De um lado, a pandemia não retrocede, pois não há um combate efetivo do governo Bolsonaro e também de governos estaduais e prefeitos, que seguem insistindo numa flexibilização a qualquer custo. De outro, essa mesma política genocida também é responsável por criar uma situação de incertezas que só agrava a crise econômica e o desemprego”, denuncia Rosália.

A servidores relata ainda que entre os profissionais da Saúde há, inclusive, um transtorno psicológico muito grande diante desta situação.

“É uma política genocida que empurra os profissionais da Saúde, os trabalhadores e o povo pobre para o matadouro em razão da pandemia, e que também joga a conta da crise econômica sobre a classe trabalhadora. Por tudo isso, seguimos defendendo a necessidade de quarentena geral com garantia de renda digna para todos e dar uma basta ao governo Bolsonaro e Mourão, este governo de ultradireita que governa contra os trabalhadores e mais pobres”, concluiu a dirigente.

via cspconlutas.org.br