Novas intervenções ocorrem nas universidades federais do Piauí e de Sergipe

Em menos de dois dias, o presidente da República Jair Bolsonaro nomeou mais dois interventores para o cargo de reitor em universidades públicas brasileiras. O ato antidemocrático já virou uma constante em seu mandato.

Na Universidade Federal do Piauí (UFPI) foi empossado na última sexta-feira (20), o professor Gildásio Guedes. O candidato, escolhido pelo mandatário um dia antes (19), ficou em terceiro lugar na consulta pública entre docentes, técnicos e estudantes, e em segundo na lista tríplice do Conselho Universitário.

Já na Universidade Federal de Sergipe (UFS), tomou posse, na terça-feira (24), a professora Liliádia Barreto, como reitora interina da instituição. A ação aconteceu na sexta (20) após o término do mandato do ex-reitor Angelo Antoniolli e a não conclusão do processo de eleição da lista tríplice para reitor e vice-reitor, que havia sido enviado ao Ministério da Educação (MEC).

A comunidade acadêmica da UFS tem denunciado a forma antidemocrática conduzida pelo ex-reitor da instituição que não levou em consideração a consulta à comunidade acadêmica para a escolha dos novos gestores da universidade. As supostas irregularidades estão em investigação pelo Ministério Público Federal.

De acordo com Airton Paula Souza, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs – Seção Sindical do ANDES-SN), "essa intervenção é consequência de uma postura autoritária do ex-reitor da universidade, que buscou deslegitimar todo o processo da consulta pública".

Mobilizações
Os estudantes da UFPI realizaram um ato público na segunda (23), em frente à reitoria da universidade, repudiando a nomeação do novo reitor. No mesmo dia, os docentes da UFPI se reuniram em assembleia e deliberaram articular com as organizações e sindicatos das universidades uma ampla frente contra as ações autoritárias do governo Bolsonaro, criar um comitê de mobilização pela autonomia universitária com estudantes e técnicos e que envolva os campi fora da sede e a sociedade civil, entre outras deliberações.

Já os professores da UFS, após assembleia, se posicionaram contra qualquer intervenção – interna ou externa – e em defesa da autonomia e democracia universitária. A categoria reivindicou também respeito aos resultados da Consulta Pública para a reitoria, realizada pelas entidades que representam a comunidade acadêmica da UFS, entre dezembro de 2019 e agosto deste ano. Também na assembleia foi definido que a Adufs SSind solicitará uma reunião com a reitora pró-tempore.

UFPB
Na Paraíba, neste mês, Jair Bolsonaro nomeou o candidato menos votado para ocupar o cargo de reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nos próximos quatro anos. Desde o ato arbitrário, a comunidade tem se mobilizado com ocupações e protestos nas ruas e, na quinta-feira (26), os docentes realizam um dia de paralisação contra a intervenção e em defesa da autonomia universitária. Como estratégia de mobilização e conscientização, será realizada uma grande aula pública virtual, com transmissão pelo canal (www.youtube.com/ADUFPB) da Associação dos Docentes da UFPB (Adufpb SSind.) A atividade iniciará às 9h e terá 12 horas de duração. Durante esse período, haverá exibição de palestras, documentários, fotografias e apresentações musicais gravadas.

Em nota publicada na última semana, o ANDES-SN reafirmou a sua luta pela autonomia universitária, prevista no artigo nº 207 da Constituição Federal. "Precisamos reafirmar nossa luta pelo fim da lista tríplice, para que as decisões sobre a escolha do(a)s reitore(a)s sejam concluídas no âmbito da instituição de ensino. E, para além do julgamento da ADI nº 6.565, que trata da escolha de reitore(a)s, na qual o ANDES-SN é parte como amicus curiae, consideramos fundamental a continuidade da luta política em nossos locais de trabalho, mesmo em condição remota, pela nomeação do(a) mais votado(a) nas consultas".

Com informações das seções sindicais do ANDES-SN - Adufpi, Adufs e Adufpb

Via andes.org.br