Atraso em plano de vacinação contra Covid-19 é mais uma demonstração da política genocida de Bolsonaro

No momento em que a Covid-19 voltou a registrar aumento no número de casos em todo o mundo e países já tomam novas medidas de restrição para barrar a disseminação da doença e apresentam planos avançados para vacinação da população, o Brasil vacila pela incompetência e pela política genocida do governo Bolsonaro.

Na terça (1°), o Ministério da Saúde apresentou a estratégia “preliminar” para a vacinação dos brasileiros. O plano recebeu várias críticas por apresentar dados insuficientes e principalmente pelo fato de que a avaliação é de que o governo Bolsonaro demorou a agir e agora vai ter de correr atrás do prejuízo.

São várias opções de vacina em análise pelos países, mas já há medicamentos aprovados para aplicação. O Reino Unido, por exemplo, anunciou que começa uma vacinação em massa nos próximos dias com o imunizante da Pfizer/BioNTech que, segundo o órgão regulatório britânico, demonstrou 95% de eficácia.

Esta vacina chegou a ser descartada pelo Ministério, que alegou limitações logísticas para transporte e armazenamento do imunizante, que precisa ser preservado em temperatura de 70° graus negativos. A justificativa foi rechaçada por especialistas que alegam que o governo poderia atuar para atender as especificações, garantidas inclusive pela própria fabricante.

A negociação e logística para a aquisição e imunização da população, de fato, é complexa. Contudo, o fato é que o governo Bolsonaro, segundo especialistas, demorou a agir e agora terá mais dificuldade em adquirir quantidades e preços adequados, independente do processo necessário para, de fato, se avaliar a segurança e eficácia de uma eventual vacina.

Tal desarticulação não é surpresa. Afinal, Bolsonaro e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello seguem dando declarações, que colocam em dúvida a volta do aumento de casos de coronavírus, a necessidade do isolamento social e até mesmo da necessidade de vacinação.

Na quarta-feira (2), Pazuello foi convocado para uma reunião da comissão mista de enfrentamento à covid-19 do Congresso. O chefe da pasta foi convidado a explicar a denúncia de que o Brasil corre o risco de perder, por data de validade, 6,86 milhões de testes para diagnóstico do novo coronavírus, os chamados RT-PCR.

Durante a reunião, Pazuello soltou a pérola “não falem mais em distanciamento social”. Segundo ele, se as eleições municipais de novembro, em que houve grande contato entre as pessoas, não causou aumento expressivo nas contaminações e mortes por covid-19, não há motivo para estabelecer novas medidas de distanciamento social. Esse foi o raciocínio do general.

Por sua vez, Bolsonaro e Mourão defenderam a volta às aulas em todo o país, tentando justificar a portaria irresponsável publicada pelo MEC (Ministério da Educação) nesta quarta-feira, que determinou aulas presenciais nas instituições federais a partir de janeiro. O presidente de ultradireita, em recentes declarações, também defendeu o fim do uso de máscaras e a não obrigatoriedade da vacinação.

Em novembro, Bolsonaro chamou de “conversinha” a possibilidade de o Brasil sofrer uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus e afirmou que os brasileiros teriam de “enfrentar o vírus” , como se não fosse do governo a responsabilidade de tomar medidas de combate à pandemia.

Enquanto isso, na vida real, a Covid-19 já matou mais de 175 mil pessoas, infectou quase 6,5 milhões e apresenta um quadro de alta de infecções em vários estados.

“A pandemia não chegou a retroceder no Brasil, como em outros países, e já enfrenta uma nova alta de casos que coloca o sistema de saúde novamente em xeque. Em vários estados a rede privada já chegou ao limite. Enquanto isso, seguimos com um governo irresponsável que insiste numa política negacionista, contrária à Ciência. Na prática, uma política genocida que despreza a vida. Por tudo isso, a CSP-Conlutas segue defendendo que a defesa da vida está ligada á luta para derrotar o governo de Bolsonaro e Mourão, bem como por um programa emergencial com medidas que de fato protejam a vida, os empregos e a renda dos trabalhadores”, afirmou a servidora estadual da Saúde no Rio Grande do Norte e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes.

Confira o Programa Emergencial da CSP-Conlutas para enfrentar a pandemia e a crise econômica AQUI.

Via cspconlutas.org.br