Pesquisa aponta que 66% da população é a favor do fechamento das escolas para conter a pandemia

A maioria da população brasileira é contra a reabertura das escolas no momento crítico em que vive o país com uma nova onda de Covid-19. Dois em cada três pessoas entrevistas pela pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (17), apontam ser a favor das escolas fechadas diante do descontrole da pandemia, o que representa 66% da população. A pesquisa foi realizada de 8 e 10 de dezembro com mais de 2 mil pessoas em todas as regiões e estados do país.

Esse retorno escolar presencial ocorrerá em um momento que cresce em São Paulo o número de internação de crianças que contrariam a doença. A Secretaria Municipal da Saúde informou que em um mês, entre o período de outubro e novembro, houve um aumento de 18 para 43 internações pela Covid-19.

O mesmo levantamento indica que os brasileiros também são a favor da restrição para a abertura de comércios e estabelecimentos como bares, academias, salões de beleza, entre outros segmentos que seguem em funcionamento.

Apesar da vontade da população, o governo de São Paulo, por meio de decreto, vai mudar as regras, criadas por ele mesmo, e considerar escolas como serviço essencial para impor essa reabertura.

O governo João Doria (PSDB) já autorizou o retorno no ensino médio em novembro. A gestão Bruno Covas (PSDB), também atendendo a pressão para o retorno presencial, terá que realinhar protocolos, com a previsão no ano letivo começar em 4 de fevereiro.

Nesse embate, quem paga o preço é o povo, que terá que lidar com as conseqüências desastrosas, caso esse retorno de fato ocorra.

Países europeus, que abriram as escolas após o período mais crítico da pandemia, estão revendo protocolos e fechando novamente, após a explosão de contágios.  É o caso da Alemanha, que anunciou que fechará as escolas até janeiro.

Negacionismo e ataques aos professores

Indo da contramão dessa realidade, os governos seguem a linha do negacionismo, postura irresponsável diante do crescimento da doença em todo país. O Brasil voltou a alcançar a marca de mais de 1 mil mortes diárias, de acordo com levantamento feito pelas Secretaria de Saúde, número que não era visto desde setembro.

Há ainda quem coloque a culpa da pressão contra o retorno escolar para proteger a vida, nos educadores. O jornalista Augusto Nunes, colunista da revista Veja e apresentador da rádio Jovem Pan, em vídeo que circulou na semana passada nas redes sociais, fez declarações absurdas contra quem trabalha com Educação e que merecerem ser repudiadas.

“Eles estão infectados por uma estranha forma de exaustão, que é provocada pelo excesso de vagabundagem”, disse durante o programa da Jovem Pan, culpabilizando esses trabalhadores e finalizando com uma fala de que a responsabilidade pela não aprendizagem dos alunos não era do sistema ineficaz de EAD (Ensino à Distância) e sim desses trabalhadores “coisa de vadio”, concluiu.

Essa declaração escandalosa é de total desrespeito com os trabalhadores da Educação sejam das universidades, ou da rede de ensino fundamental e médio, que enfrentam uma verdadeira batalha para aplicar suas aulas, diante de um sistema de ensino à distância que não levou em conta a dificuldade de acesso, tanto do professor quando do aluno, entre outras variáveis.

Escolas Fechadas Vidas Preservadas

A CSP-Conlutas segue com sua campanha permanente “Escolas Fechadas, Vidas Preservadas” com o alerta para o despreparo dos governos e das Secretarias de Educação para por em prática protocolos que assegurem a proteção dos estudantes, professores e funcionários das escolas.

“É preciso repudiar esse retorno e proteger a vida, seguir com a exigência de quarentena geral para todos, e exigir dos governos garantia de emprego, renda e ampliação do auxilio emergencial. Essa é a luta que deve ser emplacada todos”, defende a integrante da Secretaria Executiva Nacional Joaninha Oliveira.

Via cspconlutas.org.br