Sem auxílio emergencial e alta taxa de desemprego, governo Bolsonaro leva parcela da população à extrema pobreza

A política ultraliberal do governo Bolsonaro/Mourão e Paulo Guedes que atacou os direitos trabalhistas, aumentou a entrega do patrimônio nacional, impôs trabalho precarizado e proporcionou o aumento do desemprego mostra seu resultado.

As famílias que estão vivendo na extrema pobreza já superaram o número de 14 milhões de acordo com o CadÚnico (Cadastro Único para programas sociais do governo federal) Esse é o maior número desde o final de 2014.

Segundo o próprio Ministério da Cidadania, em matéria do UOL, no Brasil, o total de pessoas na miséria hoje equivale a cerca de 39,9 milhões. Ou seja cuja renda é de até R$ 89 por pessoa (renda per capita).

Além das famílias na miséria, havia em outubro outras 2,8 milhões de famílias em situação de pobreza, com renda per capita média de moradores entre R$ 90 e R$ 178. “Os dados do cadastro são atualizados constantemente pelos seus integrantes e refletem as mudanças na condição de vida no país. Ele serve para que o governo saiba a renda das famílias e pague um valor complementar para superação da extrema pobreza no valor de R$ 41 a R$ 205, caso a família esteja inscrita e aprovada no Bolsa Família”, consta da matéria.

O economista Daniel Duque, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirma que a proporção de brasileiros vivendo na pobreza subiu de 18,3%, em agosto, para 22,4% em setembro, equivalente a 47,395 milhões. Para este ano de 2021, o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, prevê que mais 15 milhões vão cair na linha da pobreza, com o fim do auxílio emergencial.

Em artigo no Outras Palavras, o economista José Álvaro de Lima Cardoso chama atenção para os dados do IBGE que apontam que o desemprego bateu novo recorde em outubro. O Brasil saiu de 10,2 milhões de desempregados para 13,6 milhões, uma alta de 35,9% em cinco meses. Dessa forma a taxa de desemprego ficou em 14,1%, índice que não inclui o trabalho informal – dados que influenciarão no aumento da pobreza.

Diante dessa realidade, a suspensão do auxílio emergencial pelo governo se torna ainda uma medida mais cruel. Bolsonaro imputará o aumento dos índices de pobreza e miséria no país. Isto porque o auxílio permitiu um fôlego ainda que não o suficiente para a sobrevivência dos mais pobres. Mas isto por pouco tempo, porque de R$ 600 o auxílio foi rebaixado para R$ 300. Este ano, esta enorme camada da população inicia sem perspectivas. O pior, ante um governo que ainda minimiza a pandemia e a importância da vacina, quando já temos quase 200 mil mortos e quase oito milhões de contaminados notificados no país. Criminoso!

A parte disso, a preocupação do governo Bolsonaro continua sendo com a classe privilegiada, por isso quer a “retomada da economia” as custas das vidas dos trabalhadores e dos mais pobres, ignorando o caos pelo qual passa a saúde pública. De acordo com matéria de O Globo publicada na semana passada, a partir de análises consultoria Tendências, o crescimento da desigualdade deve marcar o ano de 2021. “Somente a renda dos mais ricos, da classe A, vai ter aumento no ano que vem. São famílias que têm renda domiciliar a partir de R$ 19,4 mil por mês e representam apenas 3,4% dos lares, segundo estudo exclusivo da consultoria. As previsões indicam que os rendimentos das classes B, C e D/E vão cair no próximo ano”, consta do texto.

O Brasil que já é o nono mais desigual do mundo, como mostrou o IBGE, tem como perspectiva o aprofundamento da desigualdade social.

É necessário fortalecer as lutas

Por isso, o ano de 2021 começa com perspectivas de muitas lutas. É urgente exigimos vacina já e para todos; auxílio emergencial enquanto durar a pandemia; quarentena geral de 30 dias com renda digna para salvar vidas e plano emergencial de obras públicas, que permita além de melhores serviços, a abertura de vagas de emprego.

“É urgente que as direções das centrais sindicais e dos movimentos em geral se mantenham em prontidão e intensifiquem um processo de lutas cumprindo o papel de transformar o desespero que se abaterá sobre os trabalhadores e os mais pobres em mobilizações. Não podemos permitir que para que 3,4% das elites enriqueçam mais quase 50 milhões de pessoas estejam na linha da pobreza”, convoca o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.

A CSP-Conlutas, que esteve colada na ampla maioria das lutas que ocorreram no país neste ano de 2020, novamente impulsionará e apoiará as lutas dos trabalhadores em defesa dos direitos e da vida. A Central continuará exigindo a vacinação imediata para todos, quarentena geral de 30 dias para todos com renda e proteção dos empregos e o plano emergência de obras publicas.