A burguesia fede: empresários bolsonaristas defendem golpe em caso de derrota nas eleições

O site Metrópoles divulgou nesta quinta-feira (18) mensagens compartilhadas por empresários bolsonaristas em um grupo de Whatsapp, em que defendem um golpe de Estado, caso Bolsonaro (PL) perca as eleições presidenciais.

Pior presidente da história do país, Bolsonaro está em desvantagem em todas as pesquisas divulgadas até o momento. O ex-presidente Lula (PT) tem se mantido à frente nos levantamentos.

De acordo com o jornalista Guilherme Amado, colunista que divulgou as mensagens, as declarações foram feitas no grupo denominado Empresários & Política, criado em 2021.

O grupo reúne grandes empresários de diversas partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.

Segundo a coluna, o apoio a um golpe de estado para impedir uma eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho. José Koury, proprietário do shopping Barra World e com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro, foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT.

Koury defendeu ainda que o Brasil voltar a ser uma ditadura não impediria o país de receber investimentos externos. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou.

 


Foto: Reprodução

Além de ameaçar um golpe, os empresários atacam frequentemente o STF (Supremo Tribunal Federal), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e desafetos de Bolsonaro, como o ministro Alexandre de Moraes, entre outros. Propostas de radicalização no dia 7 de setembro, que tem sido convocado como um “ultimato” por Bolsonaro, também são defendidas pelos empresários.

Em uma das conversas, Koury também chega a sugerir o pagamento de um “bônus” para funcionários que votassem seguindo seus interesses. “Alguém aqui no grupo deu uma ótima ideia, mas temos que ver se não é proibido. Dar um bônus em dinheiro ou um prêmio legal pra todos os funcionários das nossas empresas”, disse.

Morongo faz um alerta: "Acho que seria compra de votos? complicado".

Confira aqui a integra da reportagem.

Juristas pedem investigação ao STF

Um grupo de juristas e entidades pediu nesta quinta-feira (18) ao STF (Supremo Tribunal Federal)  que os empresários bolsonaristas sejam incluídos no inquérito sobre milícias digitais antidemocráticas. Pedem também a apreensão de celulares dos empresários e demais membros do grupo e a apuração dos mesmos na organizações de atos para o próximo dia 7 de setembro.

A petição é assinada pela Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD), pela Associação de Juízes para a Democracia (AJD), pela Associação Americana de Juristas (AAJ-Rama Brasil), pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e Ministério Público do Trabalho (Ipeatra) e pela Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP-DF).

Os juristas apontam “fortes indícios e significativas provas” apresentadas da existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação e financiamento político absolutamente semelhantes àqueles identificados no Inquérito nº 4.781.

“Observam-se dos elementos indiciários a demonstrar uma possível organização de empresários, que trama desestabilizar as instituições democráticas, defendendo a necessidade de exclusão dos Poderes Legislativo e Judiciário, atacando seus integrantes, especialmente, e pregando a própria desnecessidade de tais instituições estruturais da democracia brasileira, falando em golpe com todas as letras”, argumentam.

A burguesia fede

Bolsonaro governou desde o início a serviço de setores do grande empresariado, do agronegócio e banqueiros. Todos os ataques que desferiu contra os trabalhadores, indígenas, mulheres, negros/as e outros setores populares, nos últimos três anos e meio, retirou direitos da nossa classe para favorecer esses super-ricos.

Por isso, mesmo diante da destruição do país, do avanço da desindustrialização e da desnacionalização da indústria, da profunda crise econômica e social que mergulhou a economia, parte do empresariado segue apoiando a ultradireita, pois se contenta em ser “sócio menor”, desde que siga mantendo suas fortunas.

“Durante a ditadura militar [1964 a 1985], algumas empresas cumpriram um papel fundamental na manutenção deste regime autoritário. Foram coniventes e/ou responsáveis por perseguições, torturas, mortes e repressão, seja de forma direta ou indireta por meio de financiamentos, como comprovam várias pesquisas sobre esse período sombrio de nossa história. Isso porque para os capitalistas, o que sempre importa são seus lucros. Se vão apoiar uma democracia ou ditadura vai depender do que decidirem em determinado momento”, afirma o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.

“Por isso, a divulgação do que pensam esses grandes empresários nos causa enorme repulsa e tem de ser repudiado fortemente. No último dia 11 de agosto, milhares de manifestantes foram às ruas para dizer não às ameaças golpistas de Bolsonaro, ao desemprego e à fome promovida por esse governo de ultradireita. Dia 10 de setembro há novas manifestações marcadas em todo o país. A classe trabalhadora precisa tomar as ruas e organizar sua auto-defesa. Esse é o caminho para barrar qualquer aventura golpista que essa corja possa tentar e derrotá-los de uma vez”, concluiu o dirigente.

 CSP-Conlutas com informações: site Metrópoles