Programa Mais Futuro é lançado sob protestos
Foto: Secretaria de Educação da Bahia

Depois da aprovação com violência aos manifestantes na Assembleia Legislativa ao final de 2015, o Mais Futuro, que trata da permanência estudantil nas Universidades Estaduais da Bahia (UEBA), foi lançado no dia 21 de junho. A cerimônia que ocorreu no hotel de luxo Bahia Othon Palace, em Salvador, foi interrompida pelo protesto de estudantes que não concordam com o programa.

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O evento foi aberto por uma peça teatral, seguido somente de falas de estudantes autorizadas pelo governo para apoiar o programa, uma discente do curso de química da UESC e uma do curso de geografia da UESB. O Fórum de Reitores foi representado pela reitora da UESC, Adélia Pinheiro, que considerou o Mais Futuro como um avanço para as Universidades. Todavia, pontuou a expectativa das Instituições em atuar no acompanhamento e avaliação do programa, bem como a “necessidade de correção de rumos”. Isso porque de acordo com a legislação vigente, as Universidades são consideradas como meras fornecedoras de informações sobre os estudantes e possuidoras de ação extremamente limitada no conselho gestor. A reitora também ressaltou a importância do programa ter fluxo contínuo, ou seja, não ter data fixa para ingresso de estudantes.

O governador Rui Costa fez uma ampla defesa do Mais Futuro e não permitiu questionamentos, apesar da presença do movimento estudantil, que tem uma série de críticas ao programa. Apesar da fala institucional de importância das Universidades e da necessidade de criar condições para que discentes em vulnerabilidade econômica concluam seus cursos, na verdade o que as UEBA vêm experimentando é exatamente o contrário. Uma política de cortes no orçamento de investimento, manutenção e custeio e a falta de uma política de permanência estudantil consistente. Rui Costa chegou a afirmar que “nós [Estado] precisamos de um diálogo, de uma participação, profunda dos estudantes”. Contudo, a sua prática é outra, visto que durante a greve das Universidades Estaduais em 2015, o projeto foi apresentado “a portas fechadas” com representantes estudantis escolhidos pelo próprio governo. Tão pouco a comunidade universitária foi convidada a discutir o projeto.  

Diante das críticas, o governador chegou a pontuar sobre uma reunião na terça-feira (20) com secretários e afirmou que “um ou dois pontos na lei que precisa ser ajustada a redação para permitir a inclusão de uma parcela maior de jovens”. Segundo dados do governo, 1.624 alunos da UESB, matriculados até o semestre letivo 2015.1, estavam cadastrados no CadÚnico, um dos principais critérios para participação no Mais Futuro. No entanto, de acordo com informações do Programa de Permanência Estudantil da UESB, somente 637 discentes se inscreveram em 2017. Do número citado, 500 estudantes tiveram inscrições homologadas, sendo que apenas 248, até a semana passada, estavam habilitados à assistência.