Assédio: a ofensiva do capital sobre as mentes e os corpos da classe trabalhadora

Estresse, depressão e desinteresse pelo trabalho são algumas das consequências provocadas pelos assédios moral e sexual às trabalhadoras e trabalhadores. Reflexo da organização social baseada na exploração e na opressão, a violência se baseia na intolerância e se materializa na competitividade, no individualismo e no desrespeito. Com os ataques aos direitos trabalhistas e o iminente aumento de casos de assédio, se faz essencial organizar a classe trabalhadora por melhores condições de trabalho e contra todas as formas de opressão.

Como identificar?

Tão antigo quanto o próprio trabalho, os assédios moral e sexual consistem numa rotina de humilhações e constrangimentos por parte de colegas e/ou chefes, independentemente do nível hierárquico. Isso ocorre porque o assédio se baseia na intolerância ao outro e no sentimento de superioridade. A maior parte dos assédios sexuais acontece com mulheres, pois o machismo é um forte fator de opressão no trabalho.

Na Bahia, recentemente, dois casos de assédio em Instituições de Ensino causaram indignação, culminando na demissão de um envolvido e prisão do outro. As ocorrências reacenderam a discussão sobre as medidas que podem ser tomadas para evitar e coibir esse tipo de comportamento na educação.

Exploração e assédio

O cenário de ataques aos direitos é um risco às condições de vida e trabalho dos brasileiros. A insegurança e a rotatividade dos empregos, impostas pela reforma trabalhista e a lei da terceirização, bem como os constantes ataques à organização sindical, deixarão os trabalhadores mais vulneráveis aos assédios. Essa situação é expressa pela cláusula da reforma trabalhista que prevê que o negociado vale mais que o legislado. Na prática, significa dizer que patrões poderão não respeitar direitos trabalhistas previstos em lei.

Na Educação, a lógica mercantil-empresarial se instaurou e modificou a forma de organizar o trabalho na academia. O novo arranjo transformou o fazer científico, que passou a perder a qualidade e relevância social em prol do produtivismo científico. Este, por sua vez, impõe rotinas cada vez mais maçantes aos docentes, causa de muitos casos de adoecimento, especialmente ligados à saúde mental. Já os(as) estudantes são subordinados(as) a prazos cada vez mais curtos e exigência de uma série de tarefas incompatíveis com a vida daqueles(as) que necessitam conciliar a vida acadêmica com trabalho para sobreviverem. Além disso, condições precárias de estudo contribuem para o agravamento desse cenário. Todos esses fatores geram ansiedade e estresse.

Ao compreender que os assédios fazem parte de uma política de exploração capitalista, em que trabalhadores são jogados uns contra os outros, é preciso ir além das punições. A Adusb entende que é necessário aliar ações de formação política, estímulo à denúncia, investigação e acompanhamento das vítimas. Apenas assim poderemos avançar no combate aos assédios moral e sexual nas Universidades Estaduais. 

Fonte: Adusb com informações da Cartilha do ANDES "Assédio Moral" e do artigo "Violência, saúde e trabalho: a intolerância e o assédio moral nas relações laborais".