Restaurante Universitário: Empresa se manifesta sobre a denúncia de intoxicação alimentar

Menos de 24h úteis da publicação da matéria “Má qualidade do Restaurante Universitário deixa estudantes da Uesb doentes”, a concessionária responsável encaminhou carta aberta à Adusb. O documento afirma que “todas as denúncias feitas do início do contrato até a presente data foram apuradas conjuntamente por esta empresa e pela administração da Uesb”. Ainda ameaça o sindicato com represálias, por ter apresentado a denúncia da situação. A Universidade também veiculou nota pública a respeito da intoxicação de estudantes pela comida do restaurante universitário (RU) do campus de Vitória da Conquista. A Adusb luta por condições dignas de trabalho e estudo e não vai se intimidar.

Confira a resposta da concessionária na íntegra.

Veja nota da Uesb.

Segundo a carta da empresa responsável pelo RU, alguns procedimentos devem ser seguidos para averiguação da denúncia como a “identificação do agente etiológico causador do problema e o envolvimento técnico operacional mais provável para o surgimento dessas ocorrências”. Além disso, as reclamações devem ser notificadas pelo setor responsável “para que se obtenha a porcentagem de ocorrências referentes a um possível ‘surto’, assim como outros dados necessários. Sem esses procedimentos não se pode afirmar com precisão que as disfunções intestinais dos discentes foram provocadas pelas refeições produzidas nesta empresa”.

Acompanhamento e apuração das denúncias

Ainda segundo informações prestadas pela empresa, diante de reclamações da comunidade acadêmica, a Universidade deve requerer análise da comida em até 72h, prazo máximo de armazenamento das amostras diárias. O procedimento, no entanto, nem sempre acontece como deveria, conforme documentos obtidos pela Adusb junto à Pró-reitoria de Administração da Uesb (PROAD).

No dia 9 de fevereiro de 2017, uma estudante denunciou o fornecimento de salada “com sabor de alimento estragado”. A Prefeitura de Campus, através da notificação 003/2017, solicitou providências à empresa apenas no dia 20 de fevereiro. A resposta da concessionária foi dada no dia 2 de março e ressalta que sem a realização da análise “não se pode afirmar com precisão que ‘essa salada’ estava de fato estragada”.

No dia 28 de março, a Prefeitura de Campus fez a notificação 008/2017, que apontou a “presença de coliformes totais e contagem de bactérias heterotróficas” e ausência de filtro na água coletada no restaurante universitário no dia 20 de março. A empresa responsável emitiu parecer contestando as informações com outras análises laboratoriais, contudo mais de 30 dias depois. Ainda de acordo com os documentos fornecidos pela PROAD, somente uma reclamação referente ao “sabor do arroz”, feita por um estudante de Administração do noturno, foi encaminhada para análise dentro do prazo das 72h. O Laboratório de Controle de Qualidade de Água e Alimentos da Uesb concluiu que não existiam bactérias na amostra fornecida. Contudo, o relatório não explicita se a coleta do alimento foi feito pela manhã ou à noite.

A empresa concessionária possui um responsável técnico pela segurança alimentar do restaurante universitário, conforme exigido em contrato. Na Universidade, é a Comissão Própria para Fiscalização e Acompanhamento de Execução dos Contratos a responsável pela supervisão, controle, acompanhamento de todos os contratos e concessões.

Para a Adusb, a apuração das denúncias é de responsabilidade da Uesb.  Já que a Universidade adotou o sistema de concessão, com o qual o sindicato não tem acordo, deveria haver também um encarregado técnico em segurança alimentar contratado pela Instituição para fiscalizar o cumprimento do contrato. Também é necessário que haja celeridade na apuração de todas as denúncias.

Sem esse conjunto de ações, fica inviabilizada a devida apuração das denúncias e a solução de eventuais problemas. A construção disso deve ser viabilizada pela administração da Uesb em conjunto com a concessionária e em diálogo constante com a comunidade universitária. Criminalizar as denúncias não contribuirá para que os serviços prestados atendam às necessidades da comunidade acadêmica.