Contra Reforma Trabalhista, franceses retomam as ruas em dia de greves e protestos

Nesta terça-feira (12), o presidente da França, Emmanuel Macron enfrentou forte onda de protestos e greves contra a Reforma Trabalhista.

A mobilização em massa, que têm tomado as ruas desde 2016, quando seu antecessor François Hollande deu início, de modo autoritário e intransigente, ao projeto da reforma, levou milhares a protestos realizados em diversas cidades da França.

Além das manifestações, realizadas em cerca de 200 cidades em todo o país, trabalhadores ferroviários, de transportes, da educação fizeram parte de algumas das categorias que paralisaram as atividades neste dia.

Em Paris, a manifestação contou com cerca de 60 mil pessoas, segundo organizadores, que ocuparam a Praça da Bastilha. O ato sofreu repressão da polícia em alguns pontos do protesto.

Estão programados mais atos ao longo deste mês, com o objetivo de barrar este ataque contra os trabalhadores. A União Sindical Solidaires, parceira da CSP-Conlutas e parte da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, reafirmou que “a flexibilização total [proposta na reforma] nas relações de trabalho não cria estabilidade de emprego e não possibilitam viver com dignidade! Vamos lutar pela redução do tempo de trabalho, pelo aumento dos salários, e pelos serviços públicos para todos”.

Para o membro do setorial Internacional da CSP-Conlutas, Herbert Claros, “é importante também chamar atenção de que as reformas trabalhistas que estão sendo propostas na França hoje é a mesma que enfrentamos aqui”, destacou. “A luta dos trabalhadores franceses contra a reforma trabalhista é um exemplo de resistência internacional que deve inspirar os trabalhadores ao redor do mundo”, concluiu Herbert.

Os trabalhadores contra o governo e os patrões

Macron pretende validar as novas leis no final deste mês, e conta com a maioria no Parlamento para que isso seja possível.

Desde 2016, movimentos, centrais e entidades sindicais se organizam pela revogação deste ataque aos direitos trabalhistas que são símbolo das conquistas de muita luta na história da França.

Os movimentos criticam especialmente o artigo 2, que flexibiliza e possibilita os acordos particulares sobre as negociações de sindicatos profissionais, precarizando as condições de trabalho, uma vez que os acordos por empresa devem prevalecer sobre os acordos por categoria.

No ano passado, para seguir adiante com a reforma, o governo recorreu a um instrumento constitucional – o 49-3 – que permite aprovar uma lei sem passar pelo voto no Parlamento, antes de ser tramitada no Senado.

O autoritarismo do governo expôs divergências internas, com a polarização figurada pelo então ministro da Fazenda e os defensores de um endurecimento, como o primeiro-ministro Manuel Valls. Segundo as pesquisas, neste período em que foi aplicado o 49-3, mais de 60% dos franceses apoiavam os protestos e se colocavam contrários ao projeto de lei.

Os trabalhadores franceses seguem demonstrando rejeição e se organizando contra os ataques do atual governo. Macron, eleito por 66% dos votos, hoje tem apenas 37% de aprovação da população. François Hollande, mesmo tentando negociar alguns pontos da reforma trabalhista à época em que era presidente, chegou a 3% de aprovação dos franceses.

Em nota pública, a Solidaires destacou a necessidade de seguir pressionando o governo. Segundo a entidade, “as greves, as manifestações e a interferência das lutas na economia permitem os avanços nas questões sociais. (…) Assim se passou com a proibição do trabalho infantil, com a jornada de trabalho de 8 horas, as licenças remuneradas, as 40, depois as 39 e por fim as 35 horas semanais, o seguro social, os Estatutos, os acordos coletivos, etc. O ‘impossível’, ‘utópico’, ‘extravagante’ se torna lei!”

Fonte: CSP-Conlutas