Assédios moral e sexual: como enfrentar!

Em pleno século XXI o assédio ainda é um tema de alta relevância por se tratar de uma forma de opressão, ligada fundamentalmente às questões de gênero. A violência advinda de formas de assédio (moral ou sexual) pode ser perceptível por meio de: comentários e cantadas ofensivas; coerção; violência física; desqualificação intelectual; violência sexual, que se caracteriza desde o toque sem consentimento até o estupro.

Entendemos que a agressão manifestada por questão de gênero está fortemente relacionada com a opressão de caráter econômico, político, cultural e social, fruto de uma sociedade patriarcal, machista e capitalista, que ainda coloca a mulher em situação de inferioridade e submissão.

Assédio na Universidade

Os assédios moral e sexual infelizmente acontecem com certa regularidade nas Universidades brasileiras, nos corredores, salas de aula, laboratórios ou mesmo em setores administrativos. A violência atinge estudantes e profissionais que atuam na Instituição. Na maioria dos casos, o(a) assediador(a) está em cargo mais alto que a vítima.

Há relatos sobre orientadores(as) que não renovam a bolsa porque a(o) discente não cedeu às suas investidas. Casos em que professores(as) assediam sexualmente alunas e alunos, bem como estupros ocorridos em festas estudantis, além das cantadas, comentários constrangedores e humilhantes no local de trabalho e sala de aula. É importante registrar que, conforme a influência do(a) assediador(a), a carreira e a vida da vítima podem ser afetadas de forma irreversível.

As vítimas de assédio podem sofrer com depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, estresse, dentre outros. Tais problemas são ainda mais frequentes quando a vítima não consegue tornar pública a situação de opressão, muitas vezes por medo de retaliação. Em muitos lugares a denúncia é dificultada até mesmo pela própria Universidade, que tenta abafar o fato.

Conhecer para agir

Infelizmente este tema não é abordado de forma correta nas Universidades brasileiras. O assédio na comunidade acadêmica e cientifica não é tratado com a seriedade necessária. Por isso é importante o diálogo, orientando colegas sobre as características do assédio e sobre as diferentes formas de culpabilização da vítima.

Muitas vezes, a falta de conhecimento impede que formemos uma rede de apoio. Sendo assim, o Grupo de Trabalho de Política de Classe para Questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adusb (GTPCEGDS) julga necessário discutir o assunto e cobrar da Uesb uma política firme e consequente de prevenção e combate, que contribua para romper com o silêncio que protege os(as) agressores(as), penaliza as vítimas e reproduz a opressão diuturnamente nos espaços de trabalho e estudo.

ASSÉDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO: COMO IDENTIFICAR

Configuração:

- Fazer críticas ao trabalhador(a) em público ou brincadeiras de mau gosto;

- Ignorar a presença do trabalhador(a) na frente de outras pessoas e/ou não cumprimentá-lo/a ou não dirigir a palavra, de forma reiterada;

- Mudar turnos e horários de trabalho sem avisar com antecedência ou consultar o(a) trabalhador(a);

- Fazer circular boatos maldosos e calúnias sobre o(a) trabalhador(a);

- Determinar que um(a) trabalhador(a) vigie o(a) outro(a), fora do contexto da estrutura hierárquica da empresa/ órgão.

ASSÉDIO SEXUAL

Configuração:

Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

Assédio sexual é crime, com previsão de até dois anos de prisão (Lei 10.224 de 2001).

ASSÉDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO: COMO COMBATER

As seguintes iniciativas devem ser consideradas:

- Resistir: desenvolver comportamento afirmativo, evitando autoculpabilidade, mantendo os contatos sociais e procurando ajuda entre familiares e amigos, além de orientação jurídica e psicológica;

- Juntar evidências do assédio: deve-se anotar tudo o que acontecer, fazer um registro diário do cotidiano do trabalho, procurando, ao máximo, coletar e guardar provas do assédio (bilhetes do(a) assediador(a), mensagens, documentos que provem a conduta do assediador);

- Conversar com o(a) agressor(a) sempre na presença de testemunhas;

- Denunciar: buscar a ouvidoria da universidade e demais instâncias competentes que possam acompanhar e apurar o fato;

- Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para obter orientação sobre como proceder em situações de assédio no ambiente de trabalho;

- No caso dos(as) estudantes, buscar suas entidades representativas para auxiliar e acompanhar.

 Com a perspectiva de motivar o debate franco e aberto sobre o tema, o Grupo de Trabalho de Política de Classe para questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adusb (GTPCEGDS) realizará no mês de novembro, rodas de conversa para discutir as diversas formas de opressão e assédio em nosso ambiente de trabalho e estudo.

Saiba mais sobre as rodas de conversas do GTPCEGDS.