Vem aí a Marcha das Periferias contra o genocídio negro, o governo Temer e as reformas

Com o tema “Abaixo o genocídio negro, o governo Temer e suas reformas”, de 10 a 25 de novembro, ocorre pelo país a Marcha Nacional das Periferias, que contará com 15 dias intensos de mobilização, atividades culturais e palestras.

O calendário de luta tem início com o dia 10 de novembro, Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos, incorporando as bandeiras de luta específicas do povo pobre e negro das periferias.

Uma das principais datas é o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, em memória de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da luta e liberdade dos escravos. Além disso, nessa data também celebra-se o Dia Internacional da Memória Trans e o recorte LGBT será incorporado ao calendário, com o desafio de lutar contra o racismo e a LGTBfobia.

Já para marcar o dia 25 de Novembro, Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, também serão realizadas ações relacionadas ao combate ao feminicídio e machismo, com o recorte raça e classe. Afinal, são as mulheres negras que estão na base da pirâmide social e sofrem a dupla opressão do machismo e do racismo.

O calendário com as atividades nacionais será postado em breve no site da Central.

Contra os governos que matam e encarceram o povo pobre e negro

“A periferia é herdeira dos quilombos que apavoraram os ricos e poderosos por quatro séculos. Por isso, marcharemos em novembro, mês de Zumbi e Dandara!”. Esse trecho do Manifesto que convoca a Marcha Nacional das Periferias reforça a luta do povo negro contra a opressão e exploração.

O movimento vai às ruas para denunciar os 14 anos de governo Lula e Dilma (PT). “Não esqueceremos que, durante seus governos, houve um verdadeiro genocídio e feminicídio das negras e negros. Não esqueceremos da Lei Anti-drogas que produziu um encarceramento em massa do povo negro das periferias brasileiras”, aponta o manifesto.  Com isso, a população carcerária no Brasil em 11 anos foi para 607 mil presos e presas! Destes, 67% são negros da periferia.

O manifesto denuncia ainda a Lei Anti-Terror que encarcerou Rafael Braga, cuja prisão, por portar um pinho sol, nas jornadas de junho 2013, se tornou símbolo da injustiça em um país que basta ser pobre e negro para ser preso.

A ocupação criminosa pelos militares brasileiros ao Haiti também é denunciada no manifesto. “O saldo dessa ocupação é um país arrasado, com um dos salários mais baixos do mundo, surtos de doenças como a cólera, inúmeros casos de estupros de mulheres e crianças e milhares de imigrantes em busca de melhores condições de vida”.

O governo atual de Michel Temer (PMDB) deu continuidade aos ataques com a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência que aprofundou o  desemprego, as terceirizações e pobreza da população negra que é a mais atingida.

O manifesto denuncia ainda o ataque contra quilombolas e indígenas enquanto bilhões são dados aos banqueiros com o pagamento da dívida pública.

Periferias aqui e em todo o mundo

A Marcha das Periferias ganhou reforço das entidades internacionais que compõem A Rede Internacional Sindical de Solidariedade e Lutas que faz um chamado a todas as organizações do movimento negro mundial para se incorporem na construção da Marcha da Periferia e do Novembro Negro. (veja aqui a integra do manifesto internacional)

Histórico da Marcha

A Marcha da Periferia começou a ser realizada no ano de 2006, em São Luís (MA), pelo Movimento Organizado de Hip Hop Quilombo Urbano. O Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe desde 2012 nacionaliza esta marcha em vários estados do Brasil em unidade com setores do movimento negro, popular, estudantil e sindical.

O objetivo da marcha é levar às ruas a denúncia contra o racismo que mata e divide a classe trabalhadora. É necessário que os trabalhadores sindicatos, movimentos sociais, estudantil e toda a população se unifiquem e compreendam que a luta contra o racismo deve ser feita também contra o capitalismo.  Não há como destruir um, sem combater o outro.

Fonte: CSP -Conlutas