Professores da Uefs são impedidos de adentrar em evento com a presença do governador
Foto: Ascom Adufsba

Portões fechados e com vigilância constante. Foi desta maneira que o governador Rui Costa e equipe receberam os professores da Uefs, nesta segunda-feira (28), durante a cerimônia de inauguração da Policlínica Regional de Saúde de Feira de Santana. Uma atitude que revela não somente o descaso com a solicitação dos docentes, mas o caráter autoritário de um grupo político que, historicamente, sustenta o slogan de “partido dos trabalhadores”.

Ao aproximarem-se do portão de acesso à Policlínica, os docentes foram informados pela equipe da segurança do governador que quem estivesse usando roupas que indicassem o envolvimento com movimentos sociais ou entidades não poderiam participar da cerimônia.

Após insistência dos professores, que justificaram a necessidade de entrar no local para entregar a pauta de reivindicações 2018 ao governador, um representante da secretaria das Relações Institucionais (Serin) compareceu ao portão. Ao ser indagado pela categoria, informou que a entrada estaria proibida porque os servidores poderiam propagar “fake news” (distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio ou, ainda, veículos on line).

Privados por uma débil justificativa de participar da cerimônia, os manifestantes permaneceram no local mesmo sob chuva, comprometidos a chamar a atenção dos presentes à luta da categoria em defesa da educação pública e da carreira. Bandeiras, cartazes, faixas e camisas reforçaram palavras de ordem como “Rui covardia, esse governo não negocia”; “governador, assim não dá, o servidor quer reajuste linear”, “acabou o Planserv”; “universidade sucateada” e “saúde privatizada”.

“Essa é uma obra pública e, por isso, temos o direito de entrar. Com esse tipo de atitude, o governador mostra sua face repressora e a política desrespeitosa para com as instituições públicas de ensino superior”, reclamou Marilene Lopes, diretora da Adufs. O protesto dos professores chamou a atenção de todos que estavam no local, inclusive dos profissionais da imprensa, que deram ampla cobertura ao protesto.

Servidores-técnicos administrativos da Uefs e do Hospital Geral Clériston Andrade também estiveram no ato público.

Tentativa frustrada
A proposta dos docentes no evento foi aproveitar a vinda do governador ao município para tentar entregar, em mãos, a pauta de reivindicação protocolada em dezembro de 2017, mais o documento exigindo a realização de uma audiência pública para discutir a situação das universidades estaduais.

Há cinco meses, a diretoria da Adufs, em conjunto com o Fórum das ADs, reivindica dos gestores na esfera do Estado a convocação, em caráter de urgência, de reuniões de negociação para tratar sobre a pauta 2018. Atos públicos já foram realizados no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, em pontos de intenso fluxo de pessoas da capital baiana e de cidades do interior; pedidos de reunião já foram protocolados junto à algumas secretarias estaduais e à Governadoria; e audiências públicas solicitadas à Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Uma reunião foi realizada com o subsecretário da Educação, Nildon Pitombo. Apesar de se comprometer em apresentar respostas à pauta, o subsecretário, até então, não deu retorno para a categoria.

Maior perda salarial em 20 anos
O governo Rui Costa é o responsável pela maior perda salarial dos últimos 20 anos, conforme estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Departamento pesquisou as perdas pecuniárias da categoria, entre novembro de 1990 e dezembro de 2017. Já são quase quatro anos de salários congelados!

A pesquisa revelou que as perdas no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2017 foram de 17,42%. Para recompô-las, é necessário um reajuste de, no mínimo, 21,10%. Direitos trabalhistas também são negados e o orçamento destinado às universidades estaduais continua insuficiente para atendimento das demandas de ensino, pesquisa e extensão.

Uma ampla campanha de mídia, em andamento há algumas semanas em todo o Estado, denuncia o total descaso dos gestores com a degradação da educação pública superior baiana. Como forma de pressionar ainda mais o governo Rui Costa, os professores das quatro universidades estaduais aprovaram um indicativo de greve. A categoria continua disposta ao diálogo, mas não encontra reciprocidade por parte do governo da Bahia.  

Fonte: Ascom Adufs