DCE e Adusb participam de atividade para esclarecimentos sobre a iminente greve das UEBA

Na noite da última terça-feira, dia 2, estudantes e professores estiveram reunidos no Salão do Júri da Uesb de Vitória da Conquista para debaterem as motivações da greve docente. A atividade “É Grave! É Greve!” foi promovida pelo Centro Acadêmico de História com participação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Adusb. 

O estudante de Comunicação, Rhaic Piancó, fez uma retrospectiva da greve docente de 2015. Na ocasião, por falta de mobilização dos DCEs, foi lançado o Fórum dos Estudantes das Universidades Estaduais da Bahia em prol das pautas estudantis. Nada diferente do cenário atual, o governo Rui Costa vinha contingenciando o orçamento da universidade e “se recusava a negociar com o Movimento Estudantil”. O estudante criticou a votação apressada e sem discussão do projeto de lei que deu origem ao Programa Mais Futuro. Um projeto de assistência estudantil “que não contempla as reais necessidades dos estudantes”. Piancó destacou a importância da organização do movimento discente nesse momento de enfrentamento e a cooperação da categoria docente, pois “a pauta dos docentes contempla os problemas dos estudantes”.

Thaís Oliveira, representante do DCE do campus de Vitória da Conquista, apontou as deficiências da assistência estudantil da Uesb. O déficit, calculado em torno de R$ 500 mil durante o ano de 2018, reduziu de forma drástica a quantidade de bolsas e dos tickets alimentação distribuídos. E em 2019, o edital que contempla as viagens estudantis foi reduzido em mais de R$ 100 mil. Perdas que comprometem a permanência e a qualidade de aprendizado dos estudantes.  A construção da greve se mostra um momento importante para o movimento estudantil se organizar em prol de suas bandeiras. A estudante defendeu o repasse de 1% da Receita Líquida de Impostos (RLI) estadual para a permanência estudantil nas UEBA, para sanar “a falta de política estudantil de assistência e a falta de apoio as mães universitárias”. A luta em prol da revisão do Programa Mais Futuro, que não contempla toda a realidade dos estudantes universitários, e a “construção de residência universitária” que atenda a real demanda existente também foram apontados pela estudante como reivindicações prioritárias da luta estudantil. O posicionamento dos estudantes em relação à greve docente será debatido em assembleia marcada para essa sexta-feira, dia 3.

“Não se está lutando por aumento de salário”, essas foram as primeiras palavras da professora Sandra Ramos, uma das representantes da Adusb. A perda de 25% do poder de compra do professor, o aumento da alíquota previdenciária, o contingenciamento de R$ 24,5 milhões do orçamento da Uesb nos últimos quatro anos são os motivos reais para a greve. Para a professora de Física, a última medida de Rui Costa que concede a professores em cargo comissionado os mesmos direitos dos docentes que atuam em regime de dedicação exclusiva na academia, “atacou frontalmente o labor docente”. Enquanto “existe uma fila de professores esperando a DE”, “o governo dá para quem está a seu serviço”. Veja a matéria: Para descaracterizar DE, Rui Costa propõe nova alteração no Estatuto do Magistério 

O crescimento dos cursos de graduação e pós-graduação, o aumento do número de alunos, entre outros elementos, requer a aprovação imediata de 7% para atender adequadamente as necessidades das UEBA. Nesse sentido, Sandra destaca “é necessário avançar e dizer que a situação é grave”. 

Para o vice-presidente da Adusb de Jequié, professor Hayaldo Fraga, deve-se “pensar seriamente o que está sendo feito com a universidade pública”. Carga horária excessiva que compromete as atividades de pesquisa e extensão e a infraestrutura precária dos espaços de aprendizagem são outros pontos da radicalização da luta. Fraga argumenta, “a greve é o único recurso para enfrentamento da situação que se estende há anos”. A defesa da universidade pública que proporciona uma educação cidadã requer o esforço coletivo dos docentes e discentes. Na avaliação do professor, a atividade foi “um espaço importante para fomentar o diálogo” e “ se entender melhor os motivos da greve”. 

 Atividade realizada pelo CA de História/Uesb de Vitória da Conquista