
Evento realizado na última quarta-feira, 13 de março, o ato contra os assédios moral e sexual na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia reuniu docentes, discentes, técnicas/os e analistas para cobrar a criação de uma estrutura efetiva de combate à violência na instituição. A Associação dos Docentes da Uesb (Adusb), representada pela presidenta Iracema Lima, se fez presente no ato organizado pelo Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), após um ano das denúncias de assédio moral no Sistema de Rádio e Televisão e Assessoria de Comunicação da Uesb.
Além da Adusb, compuseram a mesa as professoras Márcia Lemos, Carmen Carvalho, Maria Madalena dos Anjos, Monalisa Barros, a delegada Gabriela Garrido, a vereadora Márcia Viviane e a representante da União de Mulheres Wilde Soares. Cada uma dessas mulheres fizeram falas legitimando o posicionamento contra todas as formas de assédio.
Contra os assédios moral e sexual na Uesb
“Nós gostaríamos de não estar aqui combatendo assédio moral e sexual dentro da Universidade, mas infelizmente essa é uma realidade que se repete em nossa instituição há muitos anos e não existe nenhuma política efetiva”, expõe a professora Márcia Lemos, do Departamento de História. “Enquanto uma professora ativa dentro do movimento docente, mas também dentro do movimento de mulheres, já que também faço parte do Conselho de Mulheres no município de Vitória da Conquista, a gente compreende que a Uesb falha de forma gritante quando ela não tem uma estrutura preparada para receber a denúncia, para acolher a pessoa”, complementa a docente.
Para auxiliar e acolher as/os discentes vítimas de assédio na Uesb, o Diretório Central dos Estudantes de Vitória da Conquista, gestão Maria Felipa, reativará o Nucoa (Núcleo de Combate ao Assédio). “A gente pretende fazer com que ele atue como um grupo de estudos por conta das formações que são necessárias, mas também como um local de acolhimento às vítimas, um local em que as vítimas podem nos procurar e ter o DCE como referência”, conta a coordenadora geral, Letícia Rodrigues.
“A gente precisa reforçar cada vez mais, discutir, trazer luz a esse tema que já vem sendo vivenciado há muito tempo. Então, assim a gente não pode admitir esse tipo de conduta de violência, porque o assédio é crime. Todos nós precisamos fazer esse debate, tanto professores quanto estudantes, quanto servidores, para que a gente possa desenvolver um ambiente de trabalho saudável para todas as pessoas”, afirma a docente e diretora do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Maria Madalena dos Anjos.
Para o diretor executivo da Afus, Márcio Dias, “todo mundo merece ser tratado com dignidade e qualquer tipo de assédio, seja assédio moral, seja no trabalho, assédio sexual, a gente sempre vai ser contra. Nós como representantes dos trabalhadores da universidade, defendemos, sim, a iniciativa das pessoas a se manifestarem contra e qualquer assédio”.
Posicionamento da Adusb
A diretora acadêmica da Adusb, Márcia Menezes, lembra que a seção sindical “levanta essa bandeira dentro das nossas reivindicações, da nossa pauta interna, que cobra por políticas institucionais efetivas de combate a todos os tipos de assédio e proteção às vítimas com apoio jurídico e psicológico”.
Ao que a presidenta, Iracema Lima, ratifica. “A Adusb vai continuar fazendo enfrentamento não só com as suas campanhas, não só com o GTPCEGDS, não só com debates dentro das suas plenárias, mas também o enfrentamento institucional, é esse compromisso que o movimento docente assume de cobrar respostas que de fato venham auxiliar a supressão desse tipo de opressão da instituição”.
No documento da Pauta Interna, que foi discutido por docentes em plenárias e aprovado em assembleia da seção sindical, três pontos reforçam o posicionamento e a luta da Adusb - são eles:
14. Estabelecimento de políticas institucionais efetivas de combate a todos os tipos de assédio e discriminação, que incluam ações pedagógicas e formativas, de amparo e proteção às vítimas, e que garantam apuração célere e rigorosa das denúncias, assegurando-se o amplo direito à defesa e ao contraditório, sem admitir qualquer tipo de impunidade e punitivismo.
15. Criação de um programa que atenda aos segmentos da UESB que são vítimas de diversas formas de violência, tais como racismo, machismo, lgbtfobia, capacitismo, etarismo e assédio moral e sexual, assegurando-lhes assistência por meio de profissionais qualificados(as), com estrutura física adequada para tal, e mecanismos de proteção às vítimas.
20. Compromisso de estimular e apoiar a elaboração de uma Resolução, a ser aprovada nos Conselhos Superiores, que defina a composição majoritária de mulheres nas comissões de sindicância e de processo administrativo responsáveis por apurar casos de assédio e/ou violência de gênero na UESB.
Em reunião de negociação com a reitoria da instituição, realizada no dia 7 de março, a discussão sobre esses pontos foi central, reiterando o compromisso da seção sindical em combater e lutar por políticas efetivas de combate a todo tipo de assédio e violência na universidade.