Adusb lança campanha contra o adoecimento docente e o assédio na UESB

A Adusb lançou oficialmente no dia 11 de março, fazendo parte da programação do evento Encontros e Reencontros, uma campanha de conscientização sobre o adoecimento de professoras e professores da UESB, destacando a importância do combate a todo tipo de assédio no ambiente universitário. O objetivo é alertar  a comunidade acadêmica sobre os impactos do assédio moral e sexual, bem como da sobrecarga de trabalho e defender condições adequadas de trabalho para a docência.

Tradicionalmente reconhecido como um espaço de aprendizado, troca de conhecimentos e desenvolvimento intelectual, a universidade tem se mostrado, infelizmente, um palco para práticas prejudiciais e abusivas. O assédio moral e sexual, assim como a sobrecarga de trabalho, impactam diretamente a saúde mental e física da categoria docente, comprometendo tanto a qualidade de vida desses profissionais quanto a qualidade do ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos nas universidades.

A campanha da Adusb é um passo fundamental para trazer visibilidade a essas questões e pressionar governo e gestão da universidade por melhorias efetivas. O compromisso com a saúde docente e o combate ao assédio é uma luta de toda/os.

Assédio moral: um mal silencioso

O assédio moral é uma das formas mais graves de violência psicológica dentro das instituições de ensino. Ele pode se manifestar de diferentes formas, como humilhações públicas, desvalorizacão do trabalho acadêmico, sabotagem de projetos e isolamento deliberado. Essas atitudes não são apenas agressões pontuais, mas comportamentos sistemáticos que minam a autoestima, afetam o desempenho profissional e podem levar ao adoecimento psíquico da vítima.

Ignorar ou minimizar o assédio moral apenas contribui para sua perpetuação. É fundamental que a comunidade acadêmica reconheça a gravidade do problema e tome medidas para combatê-lo. Isso inclui a promoção de uma cultura de respeito e empatia no ambiente universitário. 

Assédio sexual: violência e impunidade

Outra realidade preocupante é o assédio sexual, uma forma de violência que fere a dignidade e os direitos humanos. No ambiente acadêmico, essa prática pode se manifestar através de comentários inapropriados, chantagens e toques indesejados. O medo de represálias e a falta de apoio são fatores que fazem com que muitas vítimas permaneçam em silêncio, perpetuando um ciclo de impunidade.

Criar um ambiente de segurança e respeito é essencial para que as vítimas se sintam encorajadas a denunciar. 

Isso requer a implementação de uma política institucional de combate a toda e qualquer forma de assédio, que inclua a criação de canais adequados de denúncia, acolhimento integral às vítimas, apuração rigorosa dos casos relatados para enfrentar a impunidade, sempre com a garantia de amplo direito de defesa e ao contraditório. 

Somente assim será possível transformar as universidades em espaços livres de opressão e medo.

Condições de trabalho e o adoecimento docente

A precarização das condições de trabalho também tem sido um fator determinante para o adoecimento de docentes. A carga horária excessiva, o acúmulo de funções administrativas alheias à carreira docente, o uso de tecnologias e plataformas que invadem o necessário tempo de descanso e aprofundam o processo de transposição do espaço de trabalho para o ambiente doméstico, a falta de infraestrutura de trabalho, como gabinetes, salas de aula e laboratórios adequados, entre outros, são desafios constantes enfrentados pelos/as docentes universitários. Esses elementos impactam diretamente na qualidade do ensino, na pesquisa e na extensão, pilares fundamentais das universidades públicas.

Não se pode normalizar a exaustão docente. A ausência de condições adequadas para o exercício da docência leva ao aumento de casos de estresse, ansiedade e depressão. Para reverter esse quadro, é imprescindível que sejam assegurados espaços de trabalho adequados, uma carga horária justa e o respeito ao tempo e ao local de descanso das/dos professoras/es.

A tecnologia e a exploração do trabalho docente

A incorporação da tecnologia no ensino tem ampliado ainda mais a exploração da mão de obra docente. O trabalho remoto, os aplicativos de mensagens e o uso constante de ferramentas digitais têm apagado os limites entre o tempo de trabalho e o tempo de descanso, tornando a jornada laboral praticamente ininterrupta. É urgente a regulamentação desse novo cenário para impedir que a tecnologia seja utilizada como um mecanismo de sobrecarga.

Adusb luta por respeito e valorizacão

A melhoria das condições de trabalho docente não deve ser vista como privilégio, mas como uma necessidade fundamental para a qualidade da educação pública. A defesa da carga horária justa, do respeito aos direitos trabalhistas e da criação de políticas institucionais que reprimam práticas abusivas são passos essenciais para garantir um ambiente acadêmico mais saudável.

A luta por melhores condições de trabalho na Uesb é um exemplo de mobilização em prol de uma universidade forte, socialmente referenciada e comprometida com a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. A atuação da Adusb tem sido fundamental para assegurar que os direitos dos professores sejam respeitados e que a universidade continue cumprindo seu papel social.