
O Encontro das(os) Docentes das UEBA é um dos mais importantes eventos na área de educação, onde se discute assuntos acerca do ensino superior baiano e traz à tona várias reflexões em relação ao futuro das UEBA – Universidades Estaduais Baianas (UNEB, UESB, UESC e UEFS). Visa ampliar a discussão dos problemas enfrentados pela categoria e, ao mesmo tempo, apontar os rumos para o Movimento Docente (MD).
A proposta central do encontro, um espaço sem caráter deliberativo, é atualizar as pautas do MD e abordar assuntos como conjuntura, financiamento, gestão democrática, carreira docente, saúde do/da trabalhador/a, orçamento, autonomia, entre outros.
O encontro debate pautas das/dos docentes em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Para a ampliação do debate é de enorme importância a participação das/dos professoras/es.
Relembrando algumas edições
Há mais de 10 anos, na décima edição do Encontro, foram discutidos assuntos que, infelizmente, ainda são atuais. Em 2014 foi feita uma análise da situação das Universidades Estaduais da Bahia (UEBA), a plenária discutiu os desafios enfrentados pelas instituições e destacaram o descaso do governo estadual como o principal entrave à conquista da autonomia universitária. Segundo as/os participantes, a falta de políticas públicas condizentes e o desinteresse em dialogar com a comunidade acadêmica compromete seriamente o desenvolvimento das universidades. Durante o debate, também foram apontados diversos outros problemas; como o subfinanciamento crônico, a precarização das condições de trabalho e a ausência de concursos públicos para docentes e técnicas/os. Fatores que impedem o avanço imediato de um ensino superior público, gratuito e de qualidade, e reforçam a urgência de mobilização em defesa das UEBA.
Em 2017, o tema do Encontro foi “Em defesa do serviço público e da Universidade: contra a ofensiva conservadora” e tratou sobre a conjuntura do país de ataques aos direitos trabalhistas e sociais e as estratégias de enfrentamento da classe trabalhadora a estes ataques. Também foram tratados os retrocessos das contrarreformas da Previdência e Trabalhista, em especial a condição das mulheres. O evento, além de fortalecer o movimento docente e a unificação das lutas em torno da autonomia universitária, do orçamento, de melhores salários e condições de trabalho, aconteceu em uma conjuntura especial, em que a classe trabalhadora resistia e se levantava contra o governo de Michel Temer. O Encontro também indicou a radicalização da luta e construção da greve docente contra os ataques do governo estadual aos direitos trabalhistas e às universidades. Duas moções de repúdio foram aprovadas, em defesa dos povos indígenas e contra a entrega do título de cidadão baiano ao, então, deputado federal Jair Bolsonaro.
O tema da edição de 2021, realizado no formato virtual por conta da pandemia do coronavírus, foi “Universidade, trabalho e vida” e foram debatidas questões como salário, autonomia universitária, violação de direitos, condições de trabalho, retorno presencial e financiamento das universidades estaduais. A programação abordou o cenário nacional e estadual, com destaque para a política de arrocho salarial adotada pelo governo Rui Costa, que a mais de seis anos não concedia sequer a recomposição inflacionária aos servidores públicos. Além das perdas salariais – que já somavam quase 50% desde 2015 – o encontro debateu a precarização do financiamento das UEBA, os ataques aos direitos trabalhistas e a sistemática violação da autonomia universitária. Participantes denunciaram o contingenciamento de verbas, a estagnação da carreira, a ausência de concursos e a aplicação de contrarreformas mais duras que as promovidas pelo governo federal de Jair Bolsonaro. Docentes reforçaram a necessidade de unidade com outras categorias do funcionalismo, a intensificação da mobilização e a construção de uma possível greve.
A edição de 2025 traz o tema Direito se Cumpre!
No dia 1º de julho, o Teatro da UNEB, em Salvador, sediará XV Encontro das Docentes e dos Docentes das Universidades Estaduais da Bahia (UEBA). O evento tem como tema central “Direito se cumpre! Em defesa do Estatuto do Magistério Público das Universidades do Estado da Bahia” e reunirá representantes das quatro universidades estaduais baianas em um espaço de debate ampliado sobre os principais desafios enfrentados pela categoria.
Entre os eixos centrais da programação estão a estagnação das promoções docentes, as dificuldades na progressão de carreira, a violação de direitos trabalhistas, o financiamento e a autonomia das universidades.
A programação do encontro terá início às 8h30, com uma mesa de abertura dedicada à análise de conjuntura, com participação de Karina Lima Sales, coordenadora do Fórum das ADs, e do professor Gustavo Seferian (ANDES-SN). Em seguida, às 9h30, ocorre a mesa sobre Carreira, com os professores Alexandre Galvão (Adusb) e Clóvis Ramaiana (Adufs), sob mediação de Cleber Julião (Uneb). No início da tarde, às 13h, haverá um ato público em frente à entrada principal da UNEB, em defesa da promoção das e dos docentes. A programação ainda conta com a mesa sobre Previdência, das 14h às 16h45, com exposições de Sara Granemann (UFRJ) e Vitor Fonseca (Aduneb), e mediação de Nora de Cássia Gomes (Uneb). A Plenária Final, que encerra o evento, acontecerá das 17h às 18h. No dia seguinte, 2 de julho, as/os docentes participarão do tradicional Cortejo da Independência, com concentração às 7h no Posto da Lapinha.
Estratégias de luta
O Encontro das Docentes e dos Docentes das Universidades Estaduais da Bahia é um espaço estratégico para fortalecer a construção coletiva da pauta de reivindicações do ensino superior público baiano, em um momento marcado por intensas violações de direitos e desmonte dos serviços públicos.
A atividade se propõe a aprofundar o estudo e a discussão de temas centrais da conjuntura que afetam diretamente as universidades estaduais, as condições de trabalho de docentes e a vida da comunidade acadêmica como um todo. Diante de um cenário incerto nas promoções, desvalorização da carreira e ataques à autonomia universitária, a ampla participação da categoria se mostra essencial para consolidar a resistência e a mobilização do movimento docente.
O evento representa uma oportunidade de articulação e definição de estratégias políticas que respondam à altura dos desafios impostos por gestões que têm sistematicamente negligenciado os direitos do funcionalismo e o financiamento adequado das instituições de ensino superior