Vote na Adusb: Redução da jornada de trabalho é pauta central do Plebiscito Popular 2025

A luta por melhores condições de trabalho segue viva nas ruas, nos sindicatos e, agora, também nas urnas. Em resposta ao aprofundamento da precarização das relações laborais no Brasil, organizações populares e sindicais constroem coletivamente o Plebiscito Popular 2025 por um Brasil mais justo, que já está em curso em todo o país.

Durante o 68º Conad, realizado entre os dias 11 e 13 de julho, em Manaus, o ANDES-SN aprovou a integração das seções sindicais à mobilização. A Adusb participa da campanha com a realização de uma votação presencial nos campi da Uesb. No dia 12 de agosto, em Vitória da Conquista; no dia 13, em Jequié e Itapetinga.

O plebiscito apresenta perguntas diretas à população sobre três temas estratégicos: o fim da escala 6x1, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e a justiça tributária, com isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e taxação de grandes fortunas. O objetivo é construir força social e política em torno de pautas urgentes da classe trabalhadora, que têm sido sistematicamente bloqueadas pelo Congresso Nacional.

Jornada exaustiva, lucros bilionários

A proposta de redução da jornada de trabalho está no centro do plebiscito. Historicamente defendida pelo movimento sindical, essa medida visa combater o adoecimento físico e mental da classe trabalhadora, além de redistribuir melhor o tempo entre produção, autocuidado, educação, lazer e convívio social.

Segundo levantamento do DIEESE, a jornada média semanal das/os assalariadas/os brasileiras/os é de 41h30, sendo que quase metade trabalha acima de 40 horas, e 13,5% têm jornadas de 48 horas ou mais. Essa carga horária, somada aos deslocamentos e à sobrecarga de tarefas, especialmente entre as mulheres, resulta em altos índices de estresse, ansiedade, depressão e doenças ocupacionais. São milhões de pessoas sacrificando a saúde e o bem viver para garantir lucros crescentes a uma minoria.

A escala 6x1 como símbolo da exploração

Um dos focos da campanha é a escala 6x1, predominante em setores como comércio e serviços. O modelo impõe seis dias seguidos de trabalho e apenas um de descanso, muitas vezes sem respeitar o limite constitucional de 44 horas semanais. Isso aprofunda a lógica da exploração, limita a vida social das trabalhadoras e trabalhadores e agrava a desigualdade de gênero, já que as mulheres acumulam funções produtivas e reprodutivas, compondo jornadas duplas ou triplas.

A proposta de redução da jornada, com manutenção salarial, é também uma medida de justiça de gênero, ao passo que permite reorganizar o tempo social e redistribuir responsabilidades.

Experiências internacionais e propostas no Brasil

Experiências realizadas em países como Islândia, Bélgica e Reino Unido demonstram que a redução da jornada não compromete a produtividade, ao contrário, aumenta o bem-estar e reduz custos com afastamentos e adoecimentos.

No Brasil, tramitam no Congresso propostas como a PEC 221/2019, que prevê a diminuição progressiva da jornada para 36 horas semanais, e o projeto da deputada Erika Hilton (Psol), que propõe a escala 4x3 (quatro dias de trabalho e três de descanso).

Justiça tributária também está em disputa

O plebiscito também convoca a população a refletir sobre o sistema tributário brasileiro, que penaliza quem vive do trabalho e poupa os super-ricos. Atualmente, quem ganha R$ 5 mil e R$ 50 mil mensais paga a mesma alíquota de Imposto de Renda (27,5%). Enquanto isso, dividendos e lucros recebidos pelos mais ricos seguem isentos ou com tributação simbólica.

Segundo o Boletim Especial do DIEESE (1º de Maio de 2025), o Projeto de Lei 1.087/2025 propõe isenção para rendas de até R$ 5 mil e taxação progressiva para quem ganha acima de R$ 50 mil, com o objetivo de tornar o sistema justo e redistributivo.

Docentes, votar é defender direitos

A votação na Adusb será realizada por meio de urnas físicas. Basta apresentar documento de identificação, preencher a cédula com nome completo, telefone e e-mail, e responder às duas perguntas centrais:

  1. Você é a favor da redução da jornada de trabalho sem redução de salário e do fim da escala 6x1?
     

  2. Você é a favor de que quem ganha mais de R$ 50 mil pague mais imposto, para que quem recebe até R$ 5 mil fique isento?
     

Essa ação é mais que uma consulta simbólica. É um instrumento pedagógico de mobilização e pressão política. Quanto maior a adesão, maior a capacidade de incidir sobre o debate público e cobrar das/os parlamentares uma postura alinhada aos interesses da maioria da população.