Na semana passada, 16 estudantes ficaram intoxicados com a comida servida pelo restaurante universitário da Uesb, campus Vitória da Conquista, conforme informação do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A Pró-reitoria de Administração da Uesb (Proad) afirma que há fiscalização da comida e que as denúncias são apuradas pela Universidade. No entanto, problemas de saúde relacionados à alimentação no restaurante são recorrentes.
“Há um bom tempo temos reclamações de estudantes a respeito disso. Eu pessoalmente já passei mal com a comida, fiquei três dias mal e parei de comer lá”, conta o Coordenador Geral do DCE, William Martins. No dia 18 de maio, o DCE publicou um vídeo em sua página no Facebook, que mostra a presença de larva no frango do restaurante universitário. William ressalta que também “já foram encontrados caco de vidro e aranha [na comida]. A Universidade sabe disso e não tomou nenhuma medida”. A cláusula nona do contrato celebrado entre a Uesb e o restaurante prevê a aplicação de multas e até mesmo da suspensão temporária dos serviços em casos de descumprimento.
De acordo com o Pró-reitor de Administração, Adriano Correia, as denúncias formalizadas são investigadas, inclusive com análise laboratorial dos alimentos e da água fornecida, feita tanto pela Universidade, quanto pela empresa NutriSegura. No entanto, em ambos os casos “não encontraram nenhum fator prejudicial à segurança alimentar dos usuários, e todas as demandas de eventuais correções vem sendo sanadas”. No documento encaminhado pela Proad constam reclamações feitas em fevereiro e março de 2017 com as respectivas notificações da Universidade à responsável pelo restaurante. Resultados das análises feitas pelo Laboratório do Controle de Qualidade de Água e Alimentos da Uesb e a empresa NutriSegura também foram anexadas.
O Coordenador do DCE confirma as ações descritas pela Proad, porém contesta o dever da Uesb em uma situação como esta. “Teve tudo isso [as notificações], mas no final não teve nada porque a Universidade não entrou com o papel que ela realmente deveria que é punir o restaurante”, pontua William Martins.
Enquanto isso, casos preocupantes continuam a acontecer, como o do estudante de História habilitado pelo Programa de Assistência Estudantil da Uesb (Prae), Jhames Thiago. Por volta do mês de março, o discente jantou no bandejão do restaurante universitário e não pôde dormir devido a uma série de vômitos, inchaço e dores abdominais. A infecção alimentar foi constatada pelo médico que “recomendou que eu não comesse no restaurante da Uesb”, ressaltou Jhames. O quadro foi agravado, pois os remédios para controlar a infecção reagiram com outros que o estudante fazia uso. “Eu fiquei dias em casa muito doente. Minha imunidade baixou bastante porque eu não conseguia me alimentar bem. Fiquei com algumas manchas no corpo e algumas delas não saíram até hoje”, denunciou o estudante.
O DCE destaca que as maiores reclamações se referem ao bandejão, que atende aos estudantes habilitados no Prae por R$ 1. Jhames assegura que sempre discute com os colegas a situação e os relatos são “da comida cheirando mal, do suco com gosto de podre, feijão viscoso, arroz azedo, macarrão queimado”.
A má qualidade do restaurante universitário do campus de Vitória da Conquista é pauta frequente do Movimento Estudantil da Uesb. O DCE, o Ocupa Uesb, estudantes organizados e independentes já denunciaram os problemas, porém não houve avanço significativo. Segundo, William Martins, uma articulação será iniciada com os discentes para a formulação de ações diretas nos próximos dias. A Adusb apoia a luta do Movimento Estudantil por um restaurante de qualidade. O sindicato também defende a destinação de 1% da receita líquida de impostos para a permanência estudantil, com objetivo de criar e manter restaurantes, residências, creches e transporte que atendam as necessidades dos estudantes das Universidades Estaduais da Bahia.
Fonte: Adusb com informações da Proad e DCE