A Solidariedade Resiste: CIPAM e ADUSB formam parceria com o MST para doação de alimentos

Há dois meses a Adusb constrói parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por meio de projeto do Centro Interdisciplinar de Pesquisa Agroambiental da UESB (CIPAM) para fortalecimento da agricultura familiar. Os alimentos produzidos sem uso de agrotóxicos são doados para famílias em vulnerabilidade social, distribuídos por movimentos sociais de Jequié. 

“Com essa parceria a Adusb fortalece a Campanha A Solidariedade Resiste, pois ao comprarmos do MST os alimentos que serão doados, estamos ao mesmo tempo contribuindo com um importante movimento social de luta pela terra e fornecendo aos trabalhadores em situação de vulnerabilidade alimentos de qualidade, sem veneno”, ressalta o vice-presidente regional da Adusb em Jequié, Hayaldo Copque.

Em agosto, Adusb, CIPAM, associações, coletivos e movimentos sociais da região estiveram juntos à Ação da Cidadania em uma ação que resultou na doação de 3.500 cestas básicas e kits de limpeza para municípios do sul e sudoeste da Bahia. A partir daí o CIPAM, que já mantinha um relacionamento com o Assentamento do MST Carlos Marighela, localizado em Ipiaú, consolidou o projeto iniciado em setembro.

Até o momento foram doadas 150 cestas com recursos da Adusb e de doações particulares, especialmente da comunidade acadêmica da UESB. Os alimentos foram distribuídos pelo movimento estudantil da UESB e o coletivo Periferia Viva. Devido aos trabalhos prévios junto à população vulnerável, os movimentos já possuem mapeamento de famílias que necessitam de apoio.

O professor da UESB e filiado à Adusb Danilo Pinto aponta que “a campanha faz a mediação entre aqueles que mais precisam e os movimentos sociais (movimento de discentes, Periferia Viva etc.), que ajudam a entregar alimentos de excelente qualidade. A Ação de Cidadania, que já foi uma grande doadora do projeto tem o lema ‘quem tem fome, tem pressa’. Nós concordamos com isso e acrescentamos ‘essa fome deve ser enfrentada com alimentos produzidos com responsabilidade social, ambiental e política’”.

Além da compra de alimentos, o projeto também atua junto às costureiras do MST com a demanda da fabricação de bolsas para a entrega das cestas básicas. “A ideia era justamente priorizar o trabalho dessas mulheres que estão tendo suas rendas afetadas pela pandemia e fomentar o comércio local”, afirma a professora Mainara Frota, integrante do CIPAM.

A docente atualmente realiza pesquisa de relevante interesse social sobre formas de protagonismo e resistência das mulheres do MST. “Busco compreender como essas mulheres ‘nascidas’ dentro do Movimento foram forjadas para assumirem cargos de liderança historicamente ocupados por homens. Dentro dessas histórias tenho focado em um tema que me parece ser muito relevante para pensar as especificidades que entrecortam a vida de mulheres negras e camponesas, com as lutas em torno do direito à terra, da produção agroecológica, da defesa e recuperação das sementes crioulas, contra a violência e o modelo agro-hidro-mineral subordinado aos interesses imperialistas, que as levaram a decidir como querem fazer a história a partir de um instrumento maior de luta das mulheres – o feminismo”, destaca Mainara.