PDV do BB pretende eliminar 5 mil postos de trabalho e fechar agências para vender o banco

No auge da nova onda da pandemia no país, o Banco do Brasil anunciou nesta segunda-feira (11), um plano de reestruturação que entre outros aspectos, pretende eliminar 5 mil postos de trabalho diretos, fechar 361 agências e postos de atendimento, assim como imputar mudanças na estrutura interna que implicam em extinções de cargos e perda de salário para diversos funcionários.

A redução de 5 mil postos diretos e fechamento de agências resultam também em demissões indiretas como de vigilantes, da área da limpeza e outros terceirizados, o que aumentará o número de desempregados no país em decorrência da ação da instituição.

A reestruturação vem anunciada por meio de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) que atingiu o banco inteiro.

Também haverá um ataque brutal às funções dos funcionários que serão multitarefas (abrir contas, resolver problemas, vender seguros, empréstimos, trabalhar no caixa etc) desrespeitando as funções conquistadas ao longo de décadas em planos de carreira.

Ao invés de abrir concurso e contratar, o banco promove demissões. Além do funcionário, perde o usuário.

A venda de produtos como seguros e capitalizações será privilegiada em detrimento aos serviços públicos. Ao fazer essa reestruturação, o Banco do Brasil se alinha ao que existe de pior no sistema financeiro – volta sua estrutura apenas ao lucro, venda de produtos financeiros e rentabilidade – e não ao atendimento a população com serviços e crédito barato.

Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários do Maranhão, Eloy Natan, os avanços tecnológicos que deveriam melhorar a qualidade de vida das pessoas se tornam mecanismos de aumento da exploração e da opressão sob o domínio capitalista. “Ferramentas como o PIX, que diminuem a quantidade de trabalho empregada nos bancos poderiam permitir a redução na jornada dos trabalhadores, mas invés disso é utilizado para destruir empregos e aumentar as demandas sobre os que mantêm seus postos de trabalho”, ressalta, chamando atenção para que, enquanto isso, “às pessoas sem acesso a tecnologia é imposto a necessidade de se adaptar ou ser excluída, afetando justamente a camada social que mais necessita de um banco público”.

Caminho para a venda do banco ao setor privado

Eloy afirma que o plano do governo Bolsonaro e da direção do Banco do Brasil é preparar a instituição para a privatização. “O fechamento de áreas voltadas para o atendimento direto ao público e a criação de escritórios digitais seguem apenas o critério da lucratividade e demonstram os objetivos do governo”, explica.

O MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária) reforça em nota divulgada essa semana que a reestruturação é parte do caminho para a privatização. “Medidas que reduzem o tamanho do banco (o mesmo acontece na Caixa e bancos estaduais que sobraram), apesar de os funcionários já estarem sobrecarregados, sucateia a empresa, ou seja, a destroem por dentro, levando a que a população deixe de defender o banco e tornando esse patrimônio mais “pagável” por algum comprador internacional”, alerta o texto.

De acordo com a nota, a privatização já avança nesta reestruturação, com menos atendimento e menos caixas. “A população carente e das menores cidades fica cada vez mais dependente dos correspondentes bancários, que muitas vezes são mercados, padarias e pequenas lojas que incorporam o serviço de sacar valores e pagar contas. É a privatização do lucro com os serviços bancários, conjugada com a precarização do trabalho em geral”.

A CSP-Conlutas é contra o fechamento de agências e PDV para impor demissões. Essa visão dos bancos públicos como voltado ao mercado já existe desde a época de FHC e Lula, mas a redução do quadro de funcionários e terceirizados deu um salto no governo Bolsonaro.

Por isso, a Central se soma à oposição bancária para cobrar que a Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), que dirige a maioria dos sindicatos, organize uma forte luta contra essa reestruturação, unificando-a com os demais setores em luta, em especial contra as privatizações de Correios e Petrobrás, contra a reforma administrativa, já que as privatizações e a reforma têm a mesma finalidade de desmonte da função social do Estado.

O Brasil não precisa do BB como mais um grande banco voltado para o lucro, mas precisa de um banco público, que chegue aonde os bancos privados não querem chegar, fornecendo crédito barato e bancarização à população pobre do país.

Para defender o Banco do Brasil, os empregos e a vida da população é urgente por pra fora o governo Bolsonaro-Mourão-Guedes já. É necessário o exigir Banco do Brasil 100% público, administrado pelos trabalhadores, a serviço da necessidade da população pobre, pequenos agricultores e comerciantes.

(Foto: CNF)

Via cspconlutas.org.br